Com muito bom humor e simpatia, o idealizador do site e do perfil no Twitter O Bairrista, Junior Maicá, se apresentou na terça-feira (03) no Auditório Dom Antônio Zattera como parte do Projeto Experimental “20 horas de Prática Jornalística”, promovido pelos estudantes de Comunicação Social da Universidade Católica de Pelotas (UCPel).
A palestra teve início por volta das 19h. Maicá começou relatando o papel decisivo da literatura e do jornalismo esportivo para a sua formação pessoal. Ele, que escreve desde muito pequeno, disse que o gosto por textos fictícios acabou por influenciar a criação d’O Bairrista, projeto cuja ideia central é criticar o próprio bairrismo dos gaúchos, conhecidos pelo grande amor à terra e às tradições. No Twitter e no site são colocados textos e fotos satirizando os costumes do povo do Sul em comparação ao resto do país.
Maicá contou que se espantou, no primeiro momento, com o estrondoso sucesso de seus posts e com o número de seguidores em sua conta no Twitter, que, em 2010, já contabilizava 15.000 pessoas. Mas, de bairrista mesmo ele não tem nada. Quem o viu entrando no palco não enxergou personificada a figura que ele encarna no projeto. Segundo o próprio, na vida real, ele não frequenta Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) e nem fala gírias características do seu estado. “O objetivo central do site é ser crítico de uma forma não violenta, procurando não ofender ninguém. As pessoas esperam que eu seja bairrista por causa da página, mas eu não tenho que, necessariamente, usar alpargata ou dançar chula para escrever”, comentou.
O site próprio, criado após ser provado o êxito das manchetes instantâneas, tem cerca de 700 mil leitores mensais. As notícias fictícias, já conhecidas pelo público online, têm formatos arrojados e elaborados. A estrutura do site, assim como seu design, evoca a uma tradicional página de notícias, porém seu diferencial é que todas as bem-humoradas manchetes são inventadas. Tudo surgiu de forma despretensiosa, mas acabou por dar certo. Segundo Maicá, a brincadeira das horas vagas virou coisa séria, à medida que o tempo foi passando, tanto que, agora, seu “jornal” é considerado uma empresa que necessita do trabalho de mais profissionais criativos e capazes.
O Bairrista vem tomando proporções maiores nos últimos tempos, migrando do meio online para o offline. O projeto já integrou o jornal Correio do Povo. Agora, Maicá e um grupo de colaboradores têm um quadro fixo chamado A voz do Rio Grande, dentro do programa Fora do Ar, da Rádio Gaúcha. O quadro simula uma República Rio-Grandense, em tom de deboche e descontração.
Maicá foi convidado em 2011 para lançar em livro uma coletânea das melhores manchetes postadas no site. Para ele, seu sucesso é fruto dos meios oferecidos pela Internet, pois através dela pode obter sucesso no mundo real. “As oportunidades na rede estão aí, basta aproveitar o que ela pode oferecer”, afirmou.
O auge do site foi na metade de 2011, quando atingiu a marca de quatro milhões de acessos. Atualmente, O Bairrista não conta com contratados nem estagiários, apenas com colaboradores. Mas, Maicá visa, no futuro, ter sua própria revista mensal ou quinzenal, com uma equipe que dê segmento às paródias dos acontecimentos do mundo, que logo são incorporadas à realidade gaúcha em forma de piada.
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