Os atendimentos na Clínica da Interculturalidade da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) começam em agosto. Refugiados e imigrantes serão o público-alvo do projeto criado para disponibilizar suporte psicológico. O novo serviço completará o trabalho realizado pelo Grupo de Pesquisa em Políticas Migratórias e Direitos Humanos (Gemigra), que já oferta encaminhamentos nas áreas educacionais e jurídicas.
Responsável pelos novos atendimentos voltados à saúde mental, o Laboratório de Estudos Psicossociais Cidades Seguras e Direitos Humanos (LEPS), contará com a participação de acadêmicos para realização do serviço. “Será um espaço de escuta sensível ao encontro entre culturas”, comenta a coordenadora do LEPS e idealizadora da ação, professora Márcia Calazans.
Conforme explica a docente, de forma supervisionada, os estudantes atuarão no acolhimento, suporte e acompanhamento das demandas atendidas pelo Gemigra. “Os alunos terão vivências e experiências de práticas voltadas aos direitos humanos, compreendendo a diversidade cultural desses sujeitos que chegam a Pelotas”, diz.
Imigrantes e refugiados serão atendidos pela Clínica nos mesmos dias e horários de funcionamento do Gemigra. Atualmente, esse serviço é prestado nas terças-feiras, às 17h30, no Campus Santa Margarida. A expectativa é que o acompanhamento psicológico comece a ser feito a partir do dia 20 de agosto.
Na avaliação das coordenadoras do Gemigra, professoras Anelize Corrêa e Ana Paula Dittgen, a atual rede de apoio existente não é suficiente para atender todas as demandas. O grupo da UCPel é referência para a maioria dos imigrantes que chegam a Pelotas e região, por isso a clínica será mais uma forma de suporte.
Atualmente, o Gemigra auxilia imigrantes e refugiados na resolução de questões jurídicas e educacionais. “Essa outra parte, da área psicológica, certamente será de extrema importância devido o contexto das famílias que chegam aqui”, avalia a coordenadora Anelize.
A ação tem participação de 12 acadêmicos dos cursos de Psicologia, Direito e Serviço Social. Além disso, o projeto conta também com atuação dos alunos do Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos (PPGPSDH), que estabelece vínculo ao LEPS.
Conforme Márcia, o projeto já vinha sendo construido desde 2018; e durante todo o primeiro semestre de 2019 foram realizados encontros quinzenais. Neste período, os acadêmicos do LEPS fizeram leituras básicas de formação sobre a temática. Entre as obras lidas estão os títulos Clínica Peripatética do Antônio Lancetti e Clínica Psicanalítica em Face da Dimensão Sociopolítica do Sofrimento da autora Miriam Debieux Rosa.
Segundo a acadêmica Vitória Lindemann, estudante do 5º semestre de Psicologia, o projeto já agrega para a sua jornada na graduação. “Mesmo ainda no campo teórico, já percebo que o projeto requer desconstrução pessoal, pois atender imigrantes e refugiados é uma experiência de alteridade. Para que haja a vinculação com a pessoa atendida, se faz necessário o desprendimento de algumas amarras da própria identidade”, define a aluna.
Para receber atendimento do Gemigra e da Clínica da Interculturalidade, refugiados e imigrantes devem procurar o prédio Santa Margarida, localizado na rua Padre Anchieta, 1274, nas terças-feiras, às 17h30.
Redação: Karina Kruschardt