Bem visto por uns, olhado com desconfiança por outros, o livro didático foi o tema da segunda tese de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Com seu trabalho, Dulce Tagliani trouxe à baila a discussão a respeito da importância da ferramenta em sala de aula para o desenvolvimento da leitura e da escrita.

O trabalho, intitulado “O Livro Didático de Língua Portuguesa no Contexto Escolar: Perspectivas de Interação”, traz as impressões da autora ao observar o papel que o livro desempenha em sala de aula. Ou seja, a importância e o funcionamento dessa ferramenta no ambiente escolar.

A pesquisa foi realizada durante um ano em uma escola pública de Ensino Fundamental no município de Rio Grande. O material analisado integrava a coleção “Tudo é Linguagem”. Entre os principais aspectos levados em conta pela doutoranda estavam o processo de escolha da obra, observações e entrevistas com alunos e professores.

Para a pesquisadora, o livro didático favorece de fato as habilidades de leitura e escrita dos estudantes. “O livro é importante, mas ainda precisa ser apropriado pelo professor. Ele conhece, usa, mas não se apropria dessa ferramenta. Assim seu uso fica muito limitado”, afirma. De acordo com ela, a produção de texto escrito proposta sem o auxílio do livro didático foi superficial. “O livro pode sim desempenhar papel importante”, disse. Segundo ela, a ferramenta não é perfeita, mas já ganhou melhorias significativas com o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

Para a pesquisadora, espaços de discussão entre universidade e professores de Língua Portuguesa ampliariam ainda mais a utilização do material. “O principal é que [os professores] sejam abertos à discussão, e que a resistência com o livro dê espaço a reflexões mais lúcidas a respeito. É preciso conhecer para depois discutir: os fantasmas que rondam o livro didático vão se dissipar”, pontuou.