Ambitectura. A palavra, nova, é um resumo da reflexão do presidente do Foro Latino Americano de Ciências Ambientais (Flacam), Rubén Pesci. O arquiteto argentino palestrou dia 02 no Seminário Internacional de Educação e Pesquisa em Ecologia, na Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Em sua fala, Pesci explanou sobre a junção entre Arquitetura e Ecologia, um cenário que deve ser pautado pelo equilíbrio.
Há a necessidade de um olhar integrado sobre as transformações do meio ambiente nos territórios, na concepção de Pesci. “Técnicas, ciências das questões ambientais, não se integram sem a sustentabilidade. O ambiente precisa de arquitetura, do ‘dar forma’”, ressalta.
Diferentemente do que se costuma pensar sobre a ação do homem, o arquiteto sustenta que a natureza melhorou com a ação humana. “O homem é o único capaz de regular integradamente a natureza, incluindo o próprio ser humano”, disse. Para ele, muitas foram as contribuições com a participação do homem. “O que ocorrerá se deixarmos a natureza ‘sozinha’? Se não existir mais o homem? E se o homem resolver não mexer mais na natureza, como se alimentaria? Como viveria?”, questionou.
De acordo com ele, a integração entre ambiente e arquitetura se dá por meio do que chama de “leveza”. “Temos que reaprender as formas de reagir às culturas, sem prepotência, conservando, de modo leve e equilibrado”. Segundo ele, o ideal seria que todo arquiteto estudasse Ecologia e vice-versa. “Precisa haver um equilíbrio. Saber de cultura e ambiente”, destacou.
Segundo Pesci, é necessária uma reintegração entre culturas e o desaparecimento do gênero político. Em sua concepção, devem existir mais políticas que contribuam com o meio ambiente do que relações de política. “A natureza não tem facções. Não tem políticos. Precisamos de pessoas capazes de formular questões políticas, e acabar com o ‘saber do poder’”, disse ele, ao referir-se ao conhecimento usado como jogo de poder. “Ao longo da história o conhecimento tem sido apenas acumulado. Aqueles que possuem conhecimento e o repartem são como uma espécie ameaçada”, afirmou.
Ecologia das relações humanas
De acordo com Pesci, existem duas ciências importantes para unir Arquitetura e Ecologia. Uma é ciência do diálogo: troca de informações entre as áreas, e o não-acúmulo de poder. A segunda é a arte das relações humanas, aptidão que, segundo ele, todo o bom ecólogo deve possuir. “O ecólogo deve saber de relações humanas, e ver o outro também como ser vivo. Deve saber não apenas de pássaros ou plantas, mas de conservar a Terra como um todo”, disse.
Termo de Cooperação afina parceriaNa abertura do evento, domingo (1º), o presidente do Flacam e o reitor da UCPel, Alencar Mello Proença, assinaram um Termo de Cooperação que deve aproximar as duas entidades em projetos ambientais. O Flacam agrupa aproximadamente 40 sedes, em 11 países, e é Cátedra UNESCO para o Desenvolvimento Sustentável. A Católica e o Foro Latino Americano estarão em sintonia para atuar juntos em ações diversas.
Integração já ocorre na CatólicaAs idéias de Rubén Pesci já começam a tomar forma na UCPel. A professora do curso de Arquitetura e coordenadora do Conselho do Plano Diretor de Pelotas, Josiane Almeida, e o coordenador do curso de Ecologia, professor José Antônio Weykamp da Cruz, discutiram com o convidado, questões que envolvem a parceira entre a Universidade e o Flacam.
De acordo com ela, uma série de ações devem ser elaboradas envolvendo a multidisciplinariedade sugerida por Pesci. Segundo Joseane, a idéia é criar projetos que contribuam com o desenvolvimento sustentável na região sul. A primeira ação, que já está sendo concebida, é o roteiro do Bioma Pampa, que envolve o Brasil e os países de fronteira. “Temos neste espaço especiais características biológicas e de identidade cultural das cidades. O turismo, que muitas vezes é visto como uma ameaça ao meio ambiente, se bem orientado é fonte de desenvolvimento sustentável”, destacou.

Rubén Pesci é presidente do Foro Latino Americano de Ciências Ambientais

Termo de Cooperação é assinado pelo reitor Alencar Proença

Professores Josiane Almeida e José Antônio Cruz