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Reflexão: Maria e a Sabedoria de Deus - luz para a nossa Universidade hoje
04.07.2013 | 10:44 | #capelania-e-identidade-crista
Reflexão: Maria e a Sabedoria de Deus - luz para a nossa Universidade hoje
Há poucos dias recebemos, na cidade de Pelotas e em nossa Universidade, o ícone de Nossa Senhora da Sabedoria. Tal visita nos serve de feliz ocasião para refletirmos sobre a figura bíblica de Maria, Mãe de Jesus e da Igreja.

De Maria, bem cantou o poeta Dante Alighieri, em sua Comédia, canto 33 do Paraíso:

Ó Virgem Mãe, filha do filho teu,
humilde e mais sublime criatura,
pedra angular do desígnio do Céu;

tu foste aquela que a humana Natura
assim enobreceu, que o seu Feitor
não desdenhou de assumir sua figura.

Reacende-se no ventre teu o Amor,
por cujo alento, na eterna bonança,
germinou aqui esta divina Flor.

Raio és aqui que um Sol merídio lança
de caridade e, entre os mortais, na Terra,
és a perene fonte da esperança.

Tal é teu império que, por certo, erra
quem busca Graça, e a ti não recorre,
como a voar sem asas quem se aferra.

Não só a benignidade tua socorre
a quem a implora, mas, por tua vontade,
antes do rogo, muita vez, já ocorre.

Em ti misericórdia, em ti piedade,
em ti grandeza; é em ti que se consuma
quanto haja uma criatura de bondade.

E, no entanto, chama a atenção que tão belo elogio se dirija a uma jovenzinha pobre e possivelmente analfabeta, proveniente de Nazaré, pequeno e desconhecido lugarejo da Galileia. Se é verdade que a devoção popular coroou Maria como Rainha, claro está que esse Carinho do povo cristão para com sua Mãe traduz o melhor e mais profundo sentido espiritual. Se não nos damos conta disso, corremos o risco de imaginar Maria revestida da pompa própria das cortes. A simplicidade de Maria, porém, incompatível com o luxo, reduz ao ridículo tal perspectiva. Basta visualizarmos Maria em suas roupas de humilde dona de casa do interior, buscando água no poço da aldeia, ou amassando o pão que irá nutrir sua família, ou subindo zelosa a montanha para servir a sua prima Isabel.

Do mesmo modo em relação ao Cristo a quem somos chamados/as a seguir... Jamais devemos nos esquecer que Jesus é o nazareno, irmão de sua gente, o carpinteiro do povoado. Assim, não nos cansaremos de meditar esse paradoxo do Deus infinito que se faz historicamente pequeno.

Que lição extraímos, para a nossa Universidade, desse modo de agir do próprio Deus? Que ensinamento nos trazem Jesus de Nazaré e sua Mãe?

Maria, Mãe da sabedoria, não tinha estudo. Também Jesus estava muito longe de ser um doutor acadêmico. E isso dá o que pensar a nós pessoas letradas e imersas no mundo de uma Universidade. A sabedoria de Nazaré nos alerta que por si só o conhecimento, a inteligência, a erudição, a eficácia administrativa, os meandros da gestão pouco ou nada significam, mas necessitam se subordinar sempre a uma finalidade sábia.

Promover a vida, colocarmo-nos a serviço da vida, particularmente lá onde ela está (não raro pela injustiça humana) mais machucada e ferida  -  eis o caminho da verdadeira sabedoria do Evangelho, boa notícia. É nesse horizonte que se decide se nossa identidade é de fato católica, fiel ao seguimento do Nazareno. Que as pessoas, os pobres tenham mais vida  -  é para aí que, em última instância, hão de convergir todos os indicadores de nosso planejamento...

Pe. Rogério Mosimann da Silva, sj  -  capelão universitário da UCPel

* Texto utilizado como reflexão para a reunião do Planejamento Estratégico da UCPel - Reunião de Indicadores, em 02/07/2013.
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