Proteger a cabeça do sol. Esta foi, um dia, a única função que o chapéu teve. Há tempos, porém, esta peça tem outras inúmeras peculiaridades. Prova disso são as cinco capacitações que a professora do curso de Tecnologia em Design de Moda da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Kátia Oliveira da Costa, fez na Inglaterra. Um intensivo e constante estudo da técnica millinery – alta chapelaria não industrial - rendeu à professora um convite da Rede Globo e, em todos os sábados do mês de agosto, ela esteve no Projac ministrando um curso sobre chapéus.
Kátia esteve quatro vezes na London College Of Fashion, em Londres, e uma vez na Arts University of Bournemouth, em Bournemouth, se aprofundando na técnica de chapéus. Aprendeu a utilizar materiais como feltro, sinamay (tela feita da fibra do abacaxi, coco ou banana), buckram (tela de algodão com goma) e crinol (tela de náilon similar ao plástico). Todas essas características da produção de chapéus, Kátia já ensina desde 2009 na sua escola em Porto Alegre, a Eskola de Costura para Moda – onde também ensina técnicas de espartilho -, e pretende abordar com os alunos da UCPel, na disciplina optativa Oficina de Novos Produtos – ela também ministra as disciplinas Técnica de Moulage e Tecnologia da Confecção.
Na Globo, a professora ensinou estas mesmas técnicas para um grupo de dez pessoas, que compreendia aderecistas, alfaiates e costureiras da emissora, que executam as peças a ser utilizadas em novelas e demais programas. “É bacana porque a gente vê o outro lado. Não é aquele glamour, é o lado de produção mesmo, pra toda hora e pra tudo que é programa”, comenta Kátia, que também se lembra de mencionar uma aluna que é funcionária da Globo há 40 anos, que produzia os chapéus do Chacrinha, mas que nunca havia confeccionado utilizando a técnica específica.
A satisfação em ministrar o curso, pode ser percebida no discurso da professora, que se mostra orgulhosa em fazer exatamente o que faz – ela se diz apaixonada por dar aula. “O bacana de tudo é que eu não fui contratada para fazer chapéus. Eu fui contratada para ensinar a fazer”, reflete.
De acordo com Kátia, a supervisora dos alunos na Globo disse que eles estão gostando muito do curso e dela também. Tudo isso, claro, tem um custo. As fôrmas para a produção das peças, as idas à Inglaterra e, agora, ao Rio de Janeiro, têm preço elevado, mas o reconhecimento parece compensar. “São várias privações que se faz na vida que nem se pensa onde vai dar. Então, se segura aquela verdade com tanto afinco que a gente acaba sendo cativante para quem ouve”, explica.
A professora, que atua na Católica desde o primeiro semestre de 2012, revela que já existe a possibilidade de ministrar o curso na Globo novamente em 2014 e que tem muita vontade de repetir a atividade. Ela garante, também, que a experiência a qualificou ainda mais como profissional. “Aqui (na Universidade) a gente ensina a técnica de moulage, com a qual os alunos fazem uma roupa direto no corpo do manequim. E exatamente essa técnica que eu ensino aqui, a gente vê na prática”, explica, completando que lá existe uma maneira de fazer roupa que fica em acervos e que é uma nova realidade que ela trará para a sala de aula.
O curso na Rede Globo começou no dia 03 de agosto e foi até o dia 31, ocorrendo todos os sábados das 9h às 18h. A ministrante das atividades estima que, ao todo, foram feitas em torno de 50 peças. Todas elas serão exibidas em uma grande exposição na porta do Projac. Trata-se de uma forma de valorizar os profissionais pelos chapéus. Kátia jura lembrar-se de cada um que foi feito e mal consegue descrever a sensação que terá ao vê-los em uma novela ou programa na televisão.