A Universidade Católica de Pelotas (UCPel) é, entre os dias 17 e 19, o vértice da discussão sobre políticas sociais nos países do Mercado Comum do Sul. A Universidade promove o 2º Seminário de Política Social no Mercosul, reunindo pesquisadores de todo o Brasil, Argentina, Chile e Uruguai. A conferência de abertura foi ontem (17), com a presença da professora doutora Elaine Rossetti Behring, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), considerada uma das principais pesquisadoras da América Latina na área. Na abertura, ela defendeu a negatividade da globalização e seus reflexos para os países do hemisfério sul.
A professora – que prefere utilizar o termo “mundialização”, segundo ela, menos mercadológico do que “globalização” – trouxe ao Auditório Dom Antônio Zattera o debate a respeito da natureza financeira assimétrica da mundialização do capital. De acordo com ela, 80,8% do comércio mundial está concentrado nos países ricos e, desde os anos 1960, existe um decréscimo em relação às demais nações do globo. “Há o discurso de que a globalização é benéfica, mas é uma estratégia de acumulação e concretização do capital”, pontuou.
Para a pesquisadora, o Mercosul, como bloco de economia periférica, possui políticas sociais pobres, direcionadas apenas às classes sociais menos favorecidas. “As políticas sociais não produzem processos de distribuição de renda, nem a autonomia da população pobre. Em vez de erradicar, essas políticas apenas administram a pobreza”, analisou. Conforme a professora, as políticas macroeconômicas do Brasil, por exemplo, não criam empregos – elemento fundamental para o desenvolvimento.
O horizonte das políticas sociais
Para a transformação das políticas que vem sendo aplicadas, nada de proporções astronômicas. “É preciso reorientar a política econômica do Brasil para que o Estado ‘desengesse’, e crie mais emprego e renda. Há menos investimento em políticas sociais do que se deveria. Além disso, é necessário também o estabelecimento de uma política tributária que não pese sobre o trabalhador”, disse.
Paralelamente a tudo isso, segundo Elaine, a capacitação de pessoas, o combate à corrupção e o que chama de “democratizar radicalmente o Estado” seriam medidas especiais na linha das políticas sociais brasileiras. “E tudo isso é possível. Com essa crise mundial, talvez exista um despertar”, instigou.