Como representar termos específicos da área de Design de Moda por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras)? Este foi o questionamento que levou a professora Aline Machado, integrante do corpo docente do curso de Tecnologia em Design de Moda da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), a desenvolver sua dissertação de mestrado. Como era de se esperar, não demorou muito para os frutos desse trabalho começarem a dar resultado. Recentemente, um recorte do estudo foi apresentado durante o 9° Colóquio Internacional de Moda e recebeu o reconhecimento da comunidade científica.
O congresso ocorreu na segunda semana de setembro, em Fortaleza, no Ceará, reunindo estudantes e pesquisadores de diversas partes do mundo. Destacando a relevância da pesquisa O Design de Moda na Libras: uma ferramenta pra a inclusão de surdos no Ensino Superior de Design de Moda, a comissão organizadora do evento resolveu criar uma nova categoria de premiação especialmente para conceder menção honrosa à docente da UCPel, no quesito “inovador”.
A pesquisadora da UCPel revela que a ideia surgiu da experiência em sala de aula e contou com a parceria de estudantes e intérpretes de Libras. “Como professores temos a obrigação de mediar o conhecimento de forma que todos possam aprender”, ressalta. Motivada pelos encontros com a primeira aluna surda do curso, Samanta Rodrigues, a professora da UCPel procurou problematizar a ausência de sinais que representassem palavras do vocabulário técnico do Design de Moda.
Conforme explica a intérprete Nádia dos Santos Gonçalves Porto, que faz parte do grupo que ajudou a pesquisadora a adaptar expressões específicas da área para a Linguagem de Sinais, não basta traduzir conceitos genéricos: é preciso detalhar cada um dos termos utilizados pelos diferentes campos de atuação profissional. Com o objetivo de representar em Linguagem de Sinais as especificidades de cada conceito, a equipe passou a realizar encontros periódicos no ano de 2010. “Durante as atividades, a professora Aline explicava o conceito, nós fazíamos a tradução e a acadêmica Samanta criava o sinal para um termo específico”, diz Nádia.
Acadêmica do 2° semestre do curso de Tecnologia de Design de Moda, a aluna surda, Taiana Wasko, aprova o projeto. Ela ingressou no curso com os termos técnicos da área já sinalizados, o que contribuiu para desenvolver sua percepção de que não basta compreender a palavra. Para ela, estar inserida em um contexto de formação que utiliza sinais específicos da área de Moda certamente representará um diferencial no trabalho que irá desempenhar depois de formada.