Dentro da proposta de aproximar os alunos do curso de Tecnologia em Gestão de Turismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) da realidade do mercado, um grupo de seis acadêmicas da graduação realizaram a pesquisa intitulada “Traçando um perfil do turista da 16º Fenadoce”. O foco do trabalho foi aplicar os modelos estatísticos aprendidos na disciplina de Metodologia e Técnica de Pesquisa Aplicada ao Turismo, ministrada pelo professor Pedro Ernesto Andreazza. O estudo apontou que o público do evento se mostra satisfeito com o que encontra, e a totalidade dos entrevistados retornaria à cidade.
A pesquisa laboratorial foi realizada com objetivo acadêmico, porém os questionários aplicados apuraram dados que dão idéia sobre o perfil dos que visitam a Feira Nacional do Doce, além de apontarem o nível de satisfação desse público. 45 entrevistados responderam a 19 questões estruturadas para investigar os hábitos e opiniões dos turistas sobre os itens abordados no trabalho. As respostas foram coletadas no segundo domingo do evento.
De acordo com acadêmica Miriam Rose Pachalski, a experiência foi uma surpresa agradável. “A partir da pesquisa passei a ver a disciplina de outra forma. Percebi que os métodos e técnicas estatísticas são fundamentais para o planejamento de ações voltadas para o turismo”, avalia. Andreazza pontuou que a grande contribuição da análise foi a aproximação entre teoria e prática.
O projeto é assinado pelas alunas Aline Weymar Ribeiro, Gislaine Centeno Moreira, Miriam Rose Pachalski, Morgana Caroline Grazziotin, Roberta Nogueira Corrêa e Vanessa Pereira Leitão. Todas cursam o último semestre do curso.
Perfil
De acordo com os dados coletados, 49% do público visitante têm idade superior a 41 anos. Quanto ao gênero, o questionário apontou que 69% eram mulheres. Com relação à cidade de origem, foi possível perceber que a Feira não atraiu apenas gaúchos, já que entre os entrevistados haviam turistas de outros estados.
Algumas questões revelaram fatos importantes com relação ao potencial turístico de Pelotas. Mais de 60% permanecem apenas um dia na cidade. Andreazza explica que esse tempo significa um ciclo que compreende uma diária de hotel, ou seja, o turista chega à cidade, passa uma noite e vai embora no dia seguinte. Dos visitantes que passam uma ou mais noites no município, mais de 50% preferem hotéis.
O principal meio de transporte utilizado para chegar ao evento é o ônibus. De acordo com Miriam, isso é reflexo do grande número de excursões realizadas no período da Feira. Quanto à utilização de serviços de agência de turismo, apenas 29% procuraram esse tipo de empresa: 71% viajaram por conta própria.
Além de lotarem os corredores do centro de eventos, os turistas também movimentaram a gastronomia local. Quase 50% dos entrevistados preferiram realizar as refeições nos restaurantes da cidade e apenas 29% optaram pelo espaço de alimentação do evento.
Uma dos fatos que chamaram a atenção diz respeito à capacidade de promoção tanto da cidade quanto do evento. 46% dos entrevistados revelaram que tomaram conhecimento da Feira por meio da televisão. Já 93% dos turistas lembra-se de ter visto algum tipo de divulgação sobre Pelotas.
A última pergunta que serviu para traçar o perfil do visitante da Fenadoce revelou a intenção do turista em retornar à cidade. O resultado desse questionamento surpreendeu a equipe. A resposta foi unânime, 100% dos alcançados pela pesquisa voltariam ao município em outra oportunidade.
Satisfação
Outro ponto abordado no trabalho mediu os níveis de satisfação. Nos itens gastronomia, comércio, infra-estrutura da Fenadoce e atendimento ao turista a resposta mais ouvida foi “muito satisfeito”. Os serviços considerados satisfatórios foram a hotelaria, as estradas de acesso a cidade e os preços de bens e serviços. Ao avaliarem os dados coletados, as acadêmicas concluíram que os quesitos que alcançaram maior média de satisfação foram o de atendimento ao turista e a infra-estrutura da Feira.
Essa parte da pesquisa ainda apontou um dado preocupante. De acordo com Miriam, a maior parte dos entrevistados disse estar satisfeito com a sinalização de acessos, porém nas entrelinhas dessa resposta existe certa insatisfação. “É como se eles respondessem: está bom, mas poderia ser melhor”, explica. O professor Andreazza acrescenta que essa sinalização não pode apenas indicar a cidade, é preciso direcionar para os principais pontos turísticos do município. “Precisamos de placas que digam ‘Pelotas – Centro, Charqueadas, Laranjal’, ou seja, os locais que atraem os turistas”, finaliza.

Miriam Pachalski e prof. Pedro Ernesto Andreazza