Caiu-me nas mãos, nos últimos dias, o seguinte pensamento escrito: “Não se pode viver sem amor; se for o caso, será uma enfermidade, a grande e única enfermidade”.
Os cristãos, e quantos que os acompanham, estão vivendo neste ano de 2020 mais uma Semana Santa de Cristo. Ela é uma semana santa porque é justamente a semana do amor de Cristo: semana do amor do Filho de Deus que lava os pés dos discípulos e ordena – “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”; semana do amor do Filho de Deus que se faz alimento redentor -“tomai e comei, tomai e bebei; quem comer deste pão e beber deste vinho, viverá eternamente”; semana do amor do Filho de Deus que abraça a Cruz e morre nela para a redenção da humanidade – “o grão de trigo que não morre não dará frutos”; semana do amor do Filho de Deus que vence a cruz com a ressureição, vence o pecado com a graça, vence a morte com a vida – “eu sou a ressureição, a graça e a vida”.
Os povos da terra dos cinco continentes estão vivendo neste ano de 2020 uma Semana Santa com a ameaça do coronavírus. Ela é uma Semana Santa diferente, que está exigindo necessariamente uma semana de mais amor: semana santa de mais amor, voltando a cuidar mais da vida do planeta terra, a “Casa Comum” (Papa Francisco); semana santa de mais amor, cuidando dos irmãos doentes infectados; semana santa de mais amor, renunciando uma “difícil” aproximação na convivência social, evitando, assim, a contaminação virológica; uma semana santa de mais amor, venerando os “heróis do cuidado da vida” que estão junto aos irmãos enfermos; uma semana santa de mais amor, valorizando os irmãos humildes que não podem abrir mão do seu trabalho sob o risco da paralização total da vida; uma semana santa de mais amor, voltando a verdade essencial da vida que é a presença de Deus-amor como senhor da vida e da história.
Voltando ao pensamento inicial: a Semana Santa de Cristo – semana do amor e a semana santa do coronavírus - semana de mais amor, são a grande oportunidade de entendermos que não podemos viver sem amor. Como celebrar o Amor de Cristo nessa Semana Santa, sem viver o Seu amor? Como viver a ameaça do coronavírus nessa Semana Santa, sem viver o amor aos irmãos?
Se a humanidade não aprender a viver o amor, ela viverá em uma enfermidade permanente, a única e total enfermidade. Já exclamava o grande “santo do amor” - São Francisco de Assis: “O amor não é amado”. A enfermidade do coronavírus, exige, sim, mais amor, mas ele um dia vai passar; porém a enfermidade do não-amor não passará: “não se pode viver sem amor; se for o caso, será uma enfermidade, a grande e única enfermidade”.
Eis aí uma única e grande Escola que está nas mãos da humanidade, nas nossas mãos: A Semana Santa de Cristo e a Semana Santa do coronavírus são uma irrevogável Escola do Amor que o Senhor da história está nos proporcionando. Como não entrar nessa Escola do Amor? Como superar a enfermidade do coronavirus sem aprender a amar mais? Como deixar passar a enfermidade do coronavirus e não cuidar da enfermidade do não-amor?
A humanidade não foi criada e não existe para ser enferma! Ela só precisa sempre entrar na Escola do Amor!
Dom Jacinto Bergmann, Arcebispo Metropolitano da Igreja Católica de Pelotas