Promover e incentivar a autogestão de cooperativas é o objetivo do Núcleo de Economia Solidária e Incubação de Cooperativas da Universidade Católica de Pelotas (NESIC/UCPel). Com viés multidisciplinar, o núcleo fundado em 1999 conta com novo formato de atuação. A equipe, composta por quatro professores, duas técnicas e quatro alunos bolsistas, é responsável por duas frentes: a Rede Reciclar e a Rede Bem da Terra.
Através de reuniões e capacitações com trabalhadores e empreendimentos, o NESIC atua como entidade de apoio para as redes incubadas. Dentro dos cinco atributos da economia solidária – cooperação, autogestão, dimensão econômica, solidariedade e participação -, o processo de incubação funciona como transição para a autonomia. “A ideia com as redes é criar uma estrutura de remuneração justa do trabalho e diminuir cada vez mais a interferência do núcleo e de terceiros”, explica a técnica Solaine Gotardo.
Além disso, o NESIC também é espaço para formação interna. Por meio dos grupos de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos (PPGPSDH), os bolsistas têm a oportunidade e incentivo à produção do conhecimento científico. “O NESIC detém o trabalho do chamado tripé: pesquisa, ensino e extensão”, complementa a técnica Vanessa Silveira.
O NESIC integra a Rede Universitária de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares (ITCP), responsável por articular mais de 60 incubadoras em todo o país. Seu processo recente está marcado pela reorganização da estrutura, com atuação dentro de Pelotas. Enquanto Núcleo de Extensão, procura conectar a Universidade com a Comunidade.
Compõem o NESIC os professores do curso de Direito Tiago Nunes e Reinaldo Tillman; do Serviço Social, Aline Mendonça e Renato Della Vechia. Também integram o Núcleo as técnicas Solaine Gotardo e Vanessa Silveira e os acadêmicos bolsistas do Serviço Social, Chandler Borba e Luana Ribeiro; de Filosofia, Rovena Lima; e de Design de Moda, Samantha Zschornack.
Conheça as duas frentes do NESIC:
Rede Reciclar - Oriunda de um projeto do NESIC, a Rede Reciclar abrange cooperativas em Arroio Grande, Pinheiro Machado, Piratini, São Lourenço do Sul e Turuçu. Organizados de forma coletiva, comercializam papel e plástico. A rede objetiva articular a venda diretamente para a indústria e diminuir a interferência de atravessadores – pessoas que compram de catadores ou cooperativas e revendem por maior valor.
De acordo com a técnica Solaine Gotardo, a Rede Reciclar está próxima da sua autogestão. Atualmente, o grupo acompanha as reuniões mensais, na primeira quinta-feira do mês. “Juntas, as cooperativas conseguem ter um volume maior de produção e renda. A rede conecta quem quer comprar com quem realmente trabalha”, afirma.
Rede Bem da Terra - Criada em 2006 como projeto de pesquisa, a Rede Bem da Terra iniciou com uma associação de produtores rurais e urbanos. Após, uniu também associação de consumidores. É responsável por estabelecer relação de compra direta, em dois critérios: produtos saudáveis e de qualidade produzidos dentro da economia solidária, articulados pelo trabalho coletivo.
Essa relação se dá através da Feira Virtual Bem da Terra. Através de uma plataforma online, os consumidores, organizados em grupos de consumo responsável (GCR), podem fazer os pedidos que serão retirados aos sábados. “A Feira Virtual organiza o processo de consumo, tornando-o consciente”, frisa Solaine.
Em um modelo de consumo diferente do convencional, busca incentivar o consumo de alimentos orgânicos e analisar a real necessidade para comprar determinado produto. “Com a plataforma, o consumidor planeja o que precisa para a semana e assim minimiza as perdas por parte do produtor”, explica a técnica.
Todo o processo – recolhimento, separação e entrega dos alimentos – é realizado pela associação de consumidores. A cada sábado, um GCR é responsável por enviar pessoas para as tarefas. Também, às 10h da manhã realiza reunião de acolhida para os interessados em participar. Os encontros ocorrem no Prédio Santa Margarida, mesmo local do Centro de Distribuição.
Para integrar a associação de produtores, é necessário se identificar com os princípios da economia solidária. Pensando em ampliar o grupo, o NESIC está construindo uma nova frente, que será responsável por formações com os produtores, afim de disseminar e aperfeiçoar técnicas de autogestão.
Redação: Piero Vicenzi