Se Facebook fosse um país, com seus quase um bilhão de usuários, seria considerado o terceiro maior país do mundo. Esse dado mostra que as mídias sociais vieram pra ficar. Para discutir o tema, foi realizado nesta segunda-feira (4) na Universidade Católica de Pelotas (UCPel) o painel “A influência das mídias sociais na vida cotidiana”, no Auditório Dom Antônio Zattera. Foram abordados temas sobre os reflexos dessas mídias em diversos ângulos: criminais, psicológicos, e como determinante socializador em nosso tempo. Os palestrantes foram as professoras da UCPel Raquel Recuero, da área de Comunicação Social e Carmen Lopes, da Psicologia. Também participaram a coordenadora de mídia da Agência de Inteligência Digital AG2, Gabriela Silva e o delegado Cristiano Ribeiro Ritta. O debate foi fundamentado com base na disciplina de Teoria da Comunicação II, ministrada pelo professor Antônio Heberlê.
Raquel Recuero começou o evento, expondo sua análise sobre a influência das mídias, traçando um paralelo entre os pontos positivos e negativos. Salientou como positivos o acesso fácil, maior circulação de diferentes informações, mobilização social, adoção de novos hábitos, debate de questões relevantes e a importância na tomada de atitudes.
Em contrapartida, a Internet gera problemas como a falsa impressão de permissividade e mascaramento. De acordo com a professora, não há uma dimensão precisa, por parte do usuário das redes, do poder de estar online e postar conteúdos na Web. Por fim, Raquel alertou para a necessidade de a sociedade compreender, educar e discutir os efeitos da mídia nos seus próprios contextos sociais.
Logo após, Gabriela Silva, da AG2, tratou da relação das marcas e as mídias sociais. Segundo ela, as empresas ainda estão em processo de adaptação às mídias sociais. A introdução de marcas em uma rede social requer um estudo, segundo a coordenadora de mídia. Quando algo é dito por uma marca, o peso de sua mensagem é muito maior aos olhos do receptor. A dificuldade de acesso às redes sociais, e todo o planejamento necessário para adaptação se reflete na falta de profissionais para lidar na área de marketing no ramo, explicou.
A psicóloga Carmen Lopes começou sua apresentação com um histórico sobre as mídias sociais, relatando as expectativas e dúvidas de sociólogos quanto ao novo meio de contato: as primitivas redes sociais de anos atrás. Alguns temiam pelo fim das relações interpessoais saudáveis, outros alertavam para uma sociedade de relações frágeis e descartáveis.
Carmen também definiu os pontos negativos e positivos das mídias. Ressaltando a importância das redes sociais no recrutamento para empregos, na busca de aceitação social, construção de novos laços de amizade e também na desconstrução desses laços e diminuição do isolamento social, pois há o encontro de ideias semelhantes. De acordo com ela, é fundamental uma maturidade emocional e um preparo para aceitar críticas e a rejeição na rede.
Mas, segundo a professora, o mais importante acontecimento das últimas décadas foi a formação de um novo conceito de comunidade: plural e com novos interesses, e sempre conectada por redes.
Para finalizar o Painel e sair da análise científica, o delegado Cristiano Ritta deu seu parecer criminal sobre tudo em volta da Internet. Começou atentando para semelhança de crimes reais e virtuais. Os crimes praticados na Internet, disse, geralmente são os mesmos que ocorrem no mundo real, como estelionato, furto, crimes contra a honra e pedofilia. Todos com punição prevista em lei.
Segundo o delegado, não há investigação de crimes virtuais impossíveis de serem solucionados, pois tudo fica armazenado, sem expirar. Além disso, também sempre há o conteúdo salvo em outros computadores. Somente há diferença na facilidade de acesso ao conteúdo. De acordo com o delegado, muitos procurados pela Justiça são recapturados graças a investigações nas redes sociais. Segundo ele, alguns nem se dão ao trabalho se manter discretamente, acabando por denunciar a si próprios nas redes sociais, através de fotos e mensagens.
Após as apresentações houve o sorteio do mais novo livro de Raquel Recuero, “A Conversação em Rede”. Logo, se seguiu o período de perguntas e diálogo entre a plateia e os palestrantes.
Foto: Jonathas Rivero