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Linguagem cifrada é tema de trabalho na UCPel
09.09.2009 | 17:55
Linguagem cifrada é tema de trabalho na UCPel
A curiosa forma de comunicação adotada por um grupo de funcionários de um salão de beleza da cidade de Rio Grande acabou virando pano de fundo para a dissertação da mestre em Letras pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel) Veridiana Caetano. O estudo intitulado “Discurso, trabalho e construção da identidade homossexual: A linguagem cifrada em diálogo” foi apresentado no fim de agosto. O trabalho teve a originalidade como uma das características mais destacadas pela banca julgadora, já que uniu dois campos pouco discutidos no meio acadêmico: o universo homossexual e a atividade no salão de beleza.

A ideia de estudar o tema surgiu em 2007, quando Veridiana começou a frequentar o estabelecimento e notou a maneira diferente pela qual a equipe de profissionais interagia. Trata-se de uma espécie de código que mistura elementos dos dialetos yorubá e tupi e resulta em frases inusitadas, como “Olha a amapoa do picumã de eq odara”. “É o que eles falam quando uma cliente entra no salão com um megahair [cabelo artificial] muito bonito”, explicou Veridiana, que utilizou-se de pesquisa de campo através da observação, gravação das interações e entrevistas para o desenvolvimento do projeto.

De acordo com ela, uma das conclusões captadas durante o trabalho aponta que, embora não restrito apenas aos funcionários gays do estabelecimento, o linguajar é utilizado como uma maneira de proteção ao preconceito. “Nem sempre a sociedade convive amistosamente com as diferenças e é comum observar que alguns grupos de pessoas, algumas vezes, passam por ‘desconfortos’ sociais por serem considerados diferentes”, acrescentou. Logo, por não serem compreendidos, os homossexuais reduzem os riscos de passar pela mesma carga de preconceito com a qual lidariam no contexto natural.

A pesquisa, desenvolvida na área de Linguística Aplicada, teve a orientação da professora doutora Maria da Glória Corrêa Di Fanti. Os professores doutores Beatriz Fontana, do Centro Universitário Ritter dos Reis (UNIRITTER), e Adail Ubirajara Sobral, da UCPel, também compuseram a banca.
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