A cena se repete todas as manhãs em frente à Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e só poderia significar uma coisa: um avô e sua neta chegando de mãos dadas na Universidade. Na verdade, são dois colegas do curso de Direito. O senhor José Sacco, 83 anos, e a jovem Laura Lehtikunnas, 25 anos. Laura é estudante de Direito na Finlândia e veio passar um mês em Pelotas tendo aulas na UCPel. Aqui, ela mora na casa de seu José, a quem chama de pai.

Os dois se conheceram por causa da irmã de Laura, Katri, que, em 1999, passou um ano na casa de seu José por meio de um programa de intercâmbio. A partir dali, o vínculo foi criado e Laura também foi incluída nele – ela já veio à Princesa do Sul diversas vezes desde 2006. Assim como o pai brasileiro, Laura ingressou no curso de Direito em 2009, na Universidade de Turko, na Finlândia. Agora, como aluna visitante na Católica, ela é colega de seu José em duas disciplinas – Direito Processual Penal II e Direito da Infância e da Juventude. “Acho fantástico, ela foi muito bem acolhida pela turma”, comenta seu José sobre estar tendo aulas com Laura.

A finlandesa - que chegou à cidade no dia 18 de agosto – explica que seu maior objetivo em vir ter aula aqui é o de aprender melhor a língua portuguesa. Além disso, ela pretende adquirir experiências com um curso brasileiro de Direito e tenta comparar com o seu. “Nosso sistema é bem diferente. Talvez a maior diferença seja a liberdade que a gente tem aqui”, conta, referindo-se ao método de turmas abertas em sua instituição de ensino superior. Segundo ela, aqui, com turmas fixas, fica melhor de se conhecer os colegas e não é necessário estudar sozinha.

Laura diz que pretende comparar melhor os sistemas futuramente e, agora, apenas aproveita as disciplinas que está tendo, que também incluem Ciência Política, Sociologia Jurídica, Criminologia e Direitos Humanos.

No que se refere às expectativas com o Direito, Laura se mostra ansiosa para poder trabalhar com o Direito brasileiro – ela e a irmã, inclusive, desenvolvem há anos um trabalho social com meninos de rua de Pelotas. Já seu José, estava aposentado quando voltou a estudar e disse que o fez por sentir o estudo do Direito como uma obrigação de todos. Além disso, ele disse que tinha a necessidade de voltar a conviver com os jovens. “Você tem que viver a melhor idade fazendo de cada dia a melhor idade”, destaca.