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Egresso da UCPel é citado em publicação nacional sobre artistas com deficiência visual
03.08.2012 | 11:17 | #institucional
Egresso da UCPel é citado em publicação nacional sobre artistas com deficiência visual
Aos 65 anos de idade e cego desde os 11, por conta de um glaucoma, ele passa por cima do que poderia ser uma limitação e surpreende com seu talento. Apresentador do programa da Rádio Universidade (RU) “A voz do violão” e egresso do extinto curso de Estudos Sociais da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), José Otacílio Chagas foi o único gaúcho citado no livro “Arte: Um olhar muito especial – Visão”, publicação do Instituto Muito Especial que conta com o apoio do Ministério da Cultura para servir de ferramenta multiplicadora e incentivadora de apoio a esses artistas especiais.

Basta conhecê-lo para testificar a história de vida que garantiu sua entrada na publicação: a cegueira nunca foi empecilho para o desenvolvimento de suas habilidades. Tanto que, além de tocar cavaquinho e violão, Chagas ensina quem deseja aprender a manejar os instrumentos. Atualmente, ele dá aulas na Escola de Educação Especial Louis Braille e, também, em sua casa. São em torno de 14 alunos, como Lucas Pereira, 16, que está aprendendo cavaquinho há três meses. “É um aluno muito aplicado”, diz o professor. Orgulhoso, ele convida Lucas para dedilharem juntos “Luar do sertão”, de Catulo da Paixão Cearense, uma das canções já aprendidas pelo jovem. Um no violão, e outro no cavaquinho. E fazem bonito.

Sua relação com a música vem desde a infância e só se aprimorou ao longo dos anos. Em seu currículo figuram desde as participações em trios elétricos, bailes de carnaval e bandas até os acompanhamentos a nomes ilustres da música brasileira, como Cauby Peixoto e Ângela Maria. No rádio, Chagas ingressou no início da década de 90, a convite de Marcos Fonseca, da Rádio Cultura, em um programa de uma hora semanal. A experiência durou dois anos. Mais tarde, em 1998, o diretor da RU, José Maria Marques da Cunha, propôs uma atração de duas horas de duração aos domingos. Foi o gancho que ele precisava para voltar à Casa onde havia concluído seu curso superior em 1973. “Seja como aluno, músico ou apresentador, minha vida sempre girou em torno da UCPel”, disse.

Até hoje, das 21h às 23h, ouvintes interagem e desfrutam de boa música tocada ao vivo por Chagas e por seu companheiro de estúdio, o cantor Flávio Alves. Convidados especiais também têm espaço para mostrar seu talento. “Até os jingles tocados no programa são feitos por nós”, comenta, ao mencionar que, na última semana, passou pela experiência de apresentar o programa totalmente sozinho pela primeira vez. “Foi muito bom e acredito que os ouvintes gostaram também. Em vez de ficar nervoso, a necessidade fez aumentar minha criatividade e deu tudo certo. Só precisei da ajuda do operador da mesa para informar a hora certa”, brincou.

Sobre sua citação no livro, Chagas é direto: “Claro que não sou masoquista para festejar essa deficiência, mas me senti muito bem em mostrar que posso ser músico – e, modéstia à parte, um bom músico – de maneira normal. Não sou mais do que os outros, mas, também, sei que não sou menos”.

Inauguração
O espaço em sua casa dedicado a receber os alunos de cavaquinho e violão está sendo aprimorado para abrigar sua própria escola de música. E a inauguração do local já tem até data para ocorrer: será em outubro, mês em que o “Voz do Violão” completa 14 anos de história. Na ocasião, Chagas recepcionará amigos e a imprensa.
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