A dissertação apresentada pelo então aluno do Mestrado em Ciência da Computação da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) Diego Rodrigues Pereira, rendeu a ele mais do que o título de mestre. O egresso teve o trabalho classificado entre as onze melhores dissertações de mestrado na área de Inteligência Artificial do Brasil. No fim de outubro, Pereira deve apresentar o trabalho em Salvador para a comissão que escolherá os três primeiros lugares.
A proposta apresentada por ele dá um passo em direção à integração de duas áreas distintas da inteligência artificial, especialmente no segmento de sistemas multiagentes (programas que simulam o raciocínio humano). De acordo com a professora orientadora do trabalho, Graçaliz Dimuro, o tema escolhido por Pereira, uma abordagem híbrida na área, vem ganhando destaque. “Existem congressos só para tratar desse assunto”, disse.
Além de ter o trabalho selecionado no concurso, o agora doutorando da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) teve trabalho aprovado para o Simpósio Brasileiro de Inteligência Artificial. Conforme Pereira, existem poucos trabalhos com este enfoque e o fato de ter sido aceito no principal congresso sobre inteligência artificial no país mostra que a temática tem boa recepção no meio. “Foi uma grande surpresa. Não esperava ser selecionado para apresentar o trabalho, já que é muito difícil ser aceito. Para mim é muito importante esse tipo de reconhecimento, pois mostra que todo o nosso trabalho valeu a pena. É uma grande honra”, disse.
Dinâmica
O concurso é organizado pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e pela Comissão Especial de Inteligência Artificial, e avaliou trabalhos concluídos entre junho de 2006 e maio de 2008. Foram escolhidos quatro trabalhos de doutorado e onze de mestrado, que deverão ser apresentados pelos autores nos dias 26 e 30 de outubro, em Salvador, na Bahia, junto ao Simpósio Brasileiro de Inteligência Artificial. Uma nova comissão avaliará os estudos. “Além de fazer um bom trabalho e ser selecionado, é preciso que a apresentação seja clara e objetiva. Estou bastante tranqüilo, e apenas praticando um pouco mais o inglês, já que a apresentação será nesse idioma”, destacou.
Entenda
Os agentes (programas que simulam o raciocínio humano) precisam interagir para atingir a finalidade do sistema – interação social. Para que isto ocorra, é utilizada a Teoria das Trocas Sociais de Piaget, que modela essas interações a partir de uma troca de valores. Ou seja, prevê que cada interação pressupõe uma troca. Para que o sistema funcione bem, é necessário que essas trocas sejam equivalentes. De acordo com a professora orientadora, é preciso haver um equilíbrio social entre os agentes.
Isso pode se dar de duas formas: ou por meio de um controle centralizado (que não ocorre na “vida real”, já que cada ser humano tem a sua própria forma de controle), ou com os processos de decisão de Markov (modelo pelo qual o agente toma uma decisão interna). Nesse segundo caso, os agentes seriam de um tipo denominado BDI – aqueles que são modelados de acordo com crenças, desejos e planos, tal qual um ser humano. Uma das grandes questões em pautas na área é como construir planos para esse tipo de agentes, muito mais complexos.