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Ecologia da Católica analisa pesca predatória
25.02.2008 | 00:00
Ecologia da Católica analisa pesca predatória
Na manhã do dia 22, a Patrulha Ambiental capturou próximo à Colônia Z-3 um barco que realizava pesca irregular. Na oportunidade, o curso de Ecologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) foi convidado a dar um parecer a respeito da apreensão. O coordenador do curso, professor José Antônio Weykamp da Cruz, falou sobre o comprometimento ambiental provocado pela rede utilizada: um crime ambiental que envolve animais, vegetação e o futuro da Lagoa dos Patos.

Na rede, bem mais do que o camarão tão procurado: peixes ainda pequenos, de diferentes espécies, pedaços de vegetação e siris fêmeas com ovas. “É o pior tipo de rede que pode existir. É uma arma. Essa rede não é seletiva: tudo o que houver na água é pego”, avaliou Cruz. Ao contrário da rede de espera, que fica aguardando a passagem dos peixes e captura apenas os maiores, a rede de arrasto prende toda a sorte de vida existente na Lagoa.

O problema, explica o professor, não se resume apenas aos animais que foram presos na malha. Segundo ele, a composição da rede, que possui pedaços de tábua em cada ponta, faz com que ela atinja o fundo da Lagoa e revolva todo o lodo por onde passa. “O fundo da Lagoa é muito importante para o ecossistema. Essa intervenção feita irregularmente mexe inclusive com a alimentação dos peixes, que depende da flora desse fundo”, disse.

De acordo com o soldado Jerri Fonseca, que participou da apreensão, foram avistados cerca de uma dezena de barcos que realizavam pesca irregular, mas escaparam da fiscalização. “Toda apreensão de um instrumento predatório é válida”, disse Cruz.
Atraídos pela captura do camarão e expectativa de renda rápida, alguns pescadores freqüentemente utilizam o instrumento irregular. “O que interessa para eles é o camarão. Todo o resto que é capturado vai fora”, salientou. A atitude se reflete no futuro, formando um círculo vicioso. Os peixes pequenos, capturados antes da hora, e os siris que nasceriam das ovas das fêmeas presas nas redes não estarão disponíveis na próxima temporada de pesca. “Esse peixe miúdo que foi morto agora é a safra do ano que vem. Cada siri fêmea ovada que fica na rede representa milhões de filhotes”, disse Fonseca.

De acordo com Cruz, a escassez progressiva de peixes já é sentida na Lagoa dos Patos em função da pesca predatória e é difícil o alerta, muitas vezes em função da necessidade econômica. E o comprometimento ambiental é silencioso. “Nos centros urbanos vemos o lixo, os alagamentos. Mas na Lagoa, o senso comum não percebe de forma tão evidente os problemas. O peixe que não está mais lá, ninguém vê”, afirmou.
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