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Dia Mundial sem Carro propõe reflexões sobre transportes alternativos
21.09.2012 | 16:37 | #ecologia
Dia Mundial sem Carro propõe reflexões sobre transportes alternativos
Reflexões e mobilizações em defesa do meio ambiente ocorrerão neste sábado (22) em diversas cidades do mundo. O Dia Mundial sem Carro é lembrado anualmente nessa data por ambientalistas e usuários de meios de transportes alternativos de todo o planeta. É uma oportunidade para a discussão das problemáticas urbanas da contemporaneidade, como o uso excessivo dos automóveis nos grandes centros, o impacto gerado na natureza e a relação custo-benefício dos veículos poluentes.

Dados atuais do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) apontam que a frota automobilística da cidade de Pelotas conta com 163.098 veículos. Em um contexto em que há limitações de mobilidade, preço e precariedade dos transportes públicos e a sociedade é obrigada a cumprir horários e metas de trabalho de forma dinâmica e rápida, a solução encontrada pela maioria é utilizar os meios de transporte convencionais. De acordo com dados de 2011 do Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran/RS), o estado tem 480 veículos por mil habitantes, média de um para cada dois moradores. A taxa do país é de 374 veículos a cada mil habitantes (um para três).

Os carros, junto aos ônibus, são os grandes poluidores modernos, além de serem também os protagonistas do trânsito lento e caótico das cidades brasileiras. E as motocicletas, apesar de poluírem menos e terem um custo mais acessível, são responsáveis pela grande incidência de acidentes. Dado o patamar de crise na mobilidade urbana e falta de conscientização no controle de monóxido de carbono na atmosfera, torna-se necessária a adoção e planejamento de novas formas de locomoção menos poluidoras e agressivas à própria sociedade e ao meio ambiente. 

Alternativas

O professor do curso de Ecologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) Marco Antônio Lessa desenvolve projetos de veículos alternativos, criando triciclos e bicicletas movidas a baterias elétricas. Segundo Lessa, o Dia Mundial sem Carro é uma importante data para se refletir quanto aos malefícios causados pelo uso de automóveis e para discutir os benefícios da vida saudável proporcionada pelo uso de bicicletas e meios não convencionais. “A utilização de bicicletas para a realização de atividades cotidianas é muito benéfica. Com seu uso é possível economizar financeiramente e, ainda, ganhar saúde e vitalidade”, salientou Lessa.

O professor destacou que o aproveitamento de combustível fóssil utilizado nos veículos é de apenas 30%. Os outros 70% queimados apenas poluem agressivamente o planeta, causando a retenção das radiações infravermelhas na camada atmosférica, problemas respiratórios e cardiovasculares, além de muitas outras doenças e danos irreversíveis à saúde da população.  

Em cinco anos, Lessa já construiu três veículos motorizados. Expondo-os no Laboratório de Física da Universidade, o professor demonstra o funcionamento de suas criações. Com um sistema de direção assistida, as máquinas contam com um auxílio elétrico que, ligado a uma bateria, diminui o esforço físico dos usuários. “Esse modelo assistido é um grande facilitador para quem tem que percorrer grandes distâncias. O auxílio elétrico diminui o cansaço, transpiração excessiva e a fadiga muscular, sendo muito mais agradável que uma bicicleta comum, por exemplo”. 

Mesmo sendo aparentemente pouco prejudiciais para o meio ambiente, Lessa alerta que a bateria que dá suporte aos veículos assistidos é constituída de elementos tóxicos nocivos, como placas de chumbo e ácido sulfúrico. No descarte da bateria, após o fim de sua vida útil, que, em média, é de quatro anos, é necessário dar um destino correto, para não criar mais problemas ambientais, além dos já gerados pelo monóxido de carbono, dióxido de carbono e óxido de nitrogênio dos carros comuns.

Lessa produziu dois triciclos e uma bicicleta motorizada, utilizando-os em um passeio de 12 quilômetros com um grupo de estudantes de Ecologia, no ano de 2011. “Os veículos percorrem até 20 quilômetros, sendo necessárias seis horas de carregamento contínuo para uso”, destacou.

Com um investimento de, em média, R$ 2.000, o veículo elétrico, além de não ser um poluidor em potencial, contribui para a diminuição do estresse e sedentarismo, esses que são grandes problemas da sociedade moderna. “Vemos muitos carros com apenas um passageiro em seu interior. Se cada um desses usuários utilizasse o transporte público ou uma bicicleta, certamente viveríamos em um ambiente muito mais agradável”, disse Lessa.

Agora, o professor tem como objetivo fazer um modelo de veículo assistido fechado, que possibilite maior conforto aos usuários. Lessa também tem intenção de produzir, futuramente, bicicletas e triciclos elétricos para venda. “É uma pena não haver um maior interesse das empresas em investir nesse tipo de solução tão benéfica. Pelotas, por exemplo, é um local muito propício para se andar de bicicleta, dada sua planicidade geográfica. É necessário aproveitar a data para analisar a possibilidade de ampliação de ciclofaixas nas cidades, disseminando uma nova cultura social”, finalizou. 

Programação

Está programado para este sábado (22), como parte da Semana de Mobilidade Urbana, uma atividade alusiva ao Dia Mundial sem Carro, na Praça Coronel Pedro Osório, a partir das 9h. Organizada pela Secretaria de Segurança, Transporte e Trânsito (SSTT), junto ao Serviço Social do Transporte (SEST) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT), a atividade contará com a participação do projeto de extensão da UCPel Rastro Selvagem, da Associação Bem da Terra e do Grupo Pedal Curticeira, além de outras atividades artísticas.  
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