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Dia internacional do Imigrante é lembrado com mesa redonda sobre o tema na UCPel
21.12.2007 | 00:00
Dia internacional do Imigrante é lembrado com mesa redonda sobre o tema na UCPel
Na tarde do Dia Internacional do Imigrante, 18 de dezembro, o grupo de pesquisa sobre Políticas Públicas e Migrações vinculado à Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) realizou mesa redonda intitulada “Políticas Migratórias no Século 21”. Na ocasião, duas visões sobre o tema foram apresentadas e, ao final, houve relatos sobre experiências reais de pessoas que viveram e ainda vivem os desafios e as dificuldades das migrações na atualidade.

O intuito da atividade era promover o debate a respeito dos séculos 19 e 21 como tema atual e relevante. O diretor do Instituto de Ciências Humanas, coordenador do projeto Museu Etnográfico da Colônia Maciel e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Fábio Vergara, abriu o debate falando da importância do tema e debateu a imigração no século 19, mais especificamente na região de Pelotas. Tratou também sobre as colônias formadas por franceses, alemães e italianos na cidade e o papel destas miscigenações para o desenvolvimento econômico e cultural de Pelotas.

Um ponto destacado pelo professor foi o fato de que as mudanças culturais sofridas pelo imigrante ao chegar em um local onde já existe uma cultura dominante é involuntária. “As pessoas se moldam à cultura do local, criando a sua própria identidade”, disse. De acordo com ele, a história da humanidade é feita de imigrações e isto não pode ser tratado como um tema qualquer. 

Para fazer o contraponto, o doutor Osvaldo Fantazzini, integrante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) – São Paulo, debateu as emigrações no século 21 e explicou que este processo de migrações ficou mais evidente a partir do período do fim da União Soviética, quando o capitalismo remeteu ao neoliberalismo, o que tornou os ricos mais ricos e os pobres mais pobres.

De acordo com Fantazzini, as emigrações ocorrem em função de as pessoas buscarem uma qualidade de vida melhor a da que seu país oferece, fazendo com que se desloquem de sua terra natal e de suas raízes culturais.

Segundo ele, um fato a ser destacado é que a maioria desses emigrantes vai em busca de trabalho e, atualmente, as remessas financeiras que os brasileiros enviam para suas famílias são maiores que o retorno da exportação da soja no Brasil. De acordo com ele, o mundo acadêmico oferece o caminho mais rápido para as soluções e dados concretos sobre as migrações.

A experiência vivida
Ao final do evento, os relatos de um imigrante e um emigrante ilustraram a realidade vivida pelos dois. Davi Mesquita, brasileiro, contou sua experiência de dois anos morando em Portugal e Espanha como estudante e trabalhador. “Senti muito preconceito como imigrante e custei a arranjar um emprego. Até conversar com as pessoas era uma situação difícil”, lembra. Mesquita disse que para sua área de trabalho – música –, foi um campo muito positivo. Ele integra agora a primeira turma do curso em Tecnologia em Produção Fonográfica da UCPel.

O segundo relato foi do emigrante haitiano Renel Prospere, formado em Filosofia pela UCPel e mestrando em educação pela UFPel. Prospere foi objetivo ao dizer que o governo federal precisa oferecer condições iguais tanto para os imigrantes quanto para os emigrantes. “Este mesmo governo que cobra taxas para que eu fique legal no Brasil e impõe certos limites, deve oferecer direitos básicos para que todas as pessoas, assim como eu, possam viver dignamente no país”, disse.

Prospere contou que escolheu o Brasil por ser o único país na América Latina a falar português e que têm muitos negros também. Salientou que a maneira como a mídia mostra o Haiti não é nada parecida com a realidade. O imigrante pretende voltar ao seu país de origem dentro de três meses e diz que espera que este debate estimule a população a se preocupar com os direitos dos imigrantes no Brasil.

Para a Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da UCPel e professora da Escola de Serviço Social, Vini Rabassa da Silva, esta temática da construção de políticas migratórias é emergente e precisa ser assumida pela academia. “A universidade é o locus da produção de conhecimento e, portanto, deve ser o local de onde surgem propostas inovadoras que respondam essas questões”, afirma. Vini disse também que as universidades precisam assumir o papel de proposição de respostas a essas temáticas para que uma cidadania universal seja estimulada.

O encerramento ocorreu no Minifúndio Café, com momento cultural.

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