O Natal de Jesus é festa de luz e de alegria. De paz e de esperança. Toca nossos sentimentos, mas também mexe com nossa cabeça. O menino que nasce em Belém nos interpela, não nos deixa em paz, mas promete a verdadeira paz, não feita de aparências, com nos lembrou o Papa Francisco no último Natal: “Jesus nos chama a deixar as ilusões do efêmero para ir ao essencial, renunciar às nossas pretensões insaciáveis, abandonar aquela perene insatisfação e a tristeza por algo que sempre nos faltará. Vai fazer-nos bem deixar estas coisas, para, na simplicidade de Deus-Menino, reencontrar a paz, a alegria, o sentido da vida”.
“Deixemo-nos interpelar não só pelo Menino na manjedoura, mas também pelas crianças que, hoje, não são reclinadas num berço nem acariciadas pelo carinho de uma mãe e de um pai, mas jazem nas miseráveis «manjedouras de indignidade»: ... na calçada de uma grande cidade, no fundo de um barco sobrecarregado de migrantes. Deixemo-nos interpelar pelas crianças que não deixamos nascer, as que choram porque ninguém lhes sacia a fome, aquelas que na mão não têm brinquedos, mas armas”, nos lembrou o Papa. O Natal é festa de alegria mas também de tristeza, quando o amor não é acolhido, a vida é descartada. Isso aconteceu em Belém, quando Maria e José não foram acolhidos na hospedaria e tiveram que ir a uma estrebaria ter o menino. “Isso acontece hoje quando ficamos insensíveis frente ao que é marginalizado”, advertiu Francisco.
Mas, graças a Deus, também neste Natal se repetem gestos e ações de solidariedade com crianças, idosos, enfermos, pessoas sós. Um exemplo foi neste último domingo dia 16 à tarde, o Natal das crianças do Bairro Navegantes ( Paróquia de Fátima), um bairro pobre, onde mais de cem crianças brincaram no salão paroquial, comeram bolo e doces e saíram de lá felizes com o presente de Natal, que cada uma escolheu de uma grande mesa cheia de presentes, doados por pessoas amigas. As coisas materiais são efêmeras, o amor é essencial. Um convite: se você ainda não é, torne-se um voluntário, uma voluntária numa obra social ou rede de solidariedade. Assim o espírito de Natal vai se estender pelo ano todo.
Às vésperas deste Natal, o Papa Francisco nos enviou sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2019, que ocorre no Ano Novo, ida 1º de janeiro. Tema desse dia é “a boa política está a serviço da paz“. Escreve o Papa: “a política é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem, mas, quando aqueles que a exercem não a vivem como serviço à coletividade humana, pode tornar-se instrumento de opressão, marginalização e até destruição“. - Uma reflexão oportuna para o Brasil, que nesse primeiro de janeiro vai dar posse a um novo Presidente da República e a 27 governadores, além de senadores, deputados federais e estaduais. Será importante marcar de cima nossos representantes para que não se desviem nos meandros da corrupção, traindo nossa confiança, como tantos outros o fizeram.
A boa política merece nosso apoio, pois, segundo Francisco, “se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas, a política pode tornar-se verdadeiramente uma forma eminente de caridade“. A todos os leitores do convite à reflexão, Feliz Natal e abençoado 2019. (P. Martinho Lenz, SJ, capelão da UCPel).
Você pode ler a integra da mensagem do Papa para o dia Mundial da Paz
aqui.