À medida que chega o fim de ano, o tempo parece acelerar seu ritmo e os compromissos na universidade se acumulam: exames, TTCs, matrículas, relatórios de pesquisa, planejamento estratégico. No balanço do ano, nos alegramos com as conquistas, com novos conhecimentos, inovações e descobertas, com antigas e novas amizades. Lamentamos perdas, abandonos, frustrações. À nossa frente se abre um tempo novo, com novas propostas, esperanças, caminhos alternativos. Aos que se formaram, é tempo de buscar trabalho, de construir uma carreira, de crescer na profissão.
Em termos de Brasil, vamos enfrentar um ano eleitoral. Buscamos vislumbrar uma saída do mar da corrupção e do fisiologismo. Virá algo realmente novo, algo que dê esperança ao povo, ludibriado e descrente desses partidos sem rosto e dessas elites do atraso?
Aos pobres e deserdados terão direito a sonhar nesse Natal? Não só com o “Natal sem Fome”, mas com um Brasil sem injustiça e sem corrupção? Uma sociedade mais justa, democrática, ética e humana? De sonhar com a vida que nasce e renasce?
Para o convite à reflexão, escolhemos dois textos: uma crítica do Papa Francisco à riqueza descarada de uma minoria, egoísta e muitas vezes corrupta, crítica à avidez de uns poucos e à indiferença generalizada, onde muitos “bons” se incluem. A crítica vem unida a um gesto de forte poder simbólico: um almoço oferecido por Francisco a 4.000 pobres de Roma, no primeiro dia mundial do pobre (celebrado no dia 19/11/17).
O outro texto é o “Poema de Natal” de Vinícius de Morais, diplomata, escritor e boêmio, de Ipanema, Rio de Janeiro. Vinícius nos apresenta um Natal não só de saudades, mas de nascimento de vida nova, motivo de esperança. Na verdade, uma esperança inconclusa, pois coberta pelas sombras da morte dos queridos que se foram. Esperança humana que não se ilumina com o brilho do Natal cristão, com a luz de um Deus que se humilha para assumir nossa frágil condição humana, para elevá-la à esfera do divino. A Encarnação do Verbo que nos permita sonhar com a imortalidade. Feliz Natal e abençoado Ano Novo a todos!
A equipe da Capelania da UCPel: Diego, Caroline , Jéssica e P. Martinho.
Papa critica riqueza descarada de privilegiados
O Papa criticou a “riqueza descarada” de uma minoria de “privilegiados” que agrava os níveis de pobreza, a nível mundial, numa mensagem divulgada pelo Vaticano. “Infelizmente, nos nossos dias - enquanto sobressai cada vez mais a riqueza descarada que se acumula nas mãos de poucos privilegiados, frequentemente acompanhada pela ilegalidade e a exploração ofensiva da dignidade humana -, causa escândalo a extensão da pobreza a grandes setores da sociedade no mundo inteiro”, escreve, no texto dedicado à celebração do I Dia Mundial dos Pobres.
A informação publicada por Agência Eclesia, 13-06-2017 (Cf. Página da UNISINOS).
Esta iniciativa que a Igreja Católica vai passar a assinalar no penúltimo domingo do seu ano litúrgico (19 de novembro, em 2017) foi uma decisão anunciada por Francisco na conclusão do Jubileu da Misericórdia (dezembro 2015-novembro 2016). “Se desejamos dar o nosso contributo eficaz para a mudança da história, gerando verdadeiro desenvolvimento, é necessário escutar o grito dos pobres e comprometermo-nos a erguê-los do seu estado de marginalização”, sustenta o Papa. Francisco recorda os que sofrem com a “marginalização, a opressão, a violência, as torturas e a prisão, pela guerra, a privação da liberdade e da dignidade, pela ignorância e o analfabetismo, pela emergência sanitária e a falta de trabalho, pelo tráfico de pessoas e a escravidão, pelo exílio e a miséria, pela migração forçada”. A mensagem pontifícia sublinha que o atual cenário de desigualdades e pobreza não pode deixar ninguém “resignado”.
“À pobreza que inibe o espírito de iniciativa de tantos jovens, impedindo-os de encontrar um trabalho, à pobreza que anestesia o sentido de responsabilidade, induzindo a preferir a abdicação e a busca de favoritismos, à pobreza que envenena os poços da participação e restringe os espaços do profissionalismo, humilhando assim o mérito de quem trabalha e produz: a tudo isso é preciso responder com uma nova visão da vida e da sociedade”, pode ler-se. Francisco sublinha que esta nova data nas comunidades católicas quer levá-las a estar mais perto dos “últimos e os mais carenciados”, como consequência da “predileção de Jesus pelos pobres”.
“Não amemos com palavras, mas com obras”, apela, antes de pedir “um verdadeiro encontro com os pobres”. O Papa apresenta uma reflexão sobre a centralidade da pobreza nos Evangelhos e na Teologia católica, com elogios a todos os que, na história da Igreja, “ofereceram a sua vida ao serviço dos pobres”.
A figura escolhida como “testemunha da pobreza genuína” é São Francisco de Assis, que fundou a Ordem dos Frades Menores (franciscanos) em 1209. “A pobreza é uma atitude do coração que impede de conceber como objetivo de vida e condição para a felicidade o dinheiro, a carreira e o luxo”, precisa a mensagem. O Papa fala nas consequências dramáticas “da avidez de poucos e da indiferença generalizada”, alargando o convite de celebrar este Dia Mundial dos Pobres a todos, independentemente da sua pertença religiosa. Francisco deixa ainda indicações às comunidades católicas, para que se empenhem na criação de “momentos de encontro e amizade, de solidariedade e ajuda concreta”, além de sugerir que se convidem para as Missas deste domingo “os pobres e os voluntários” que os ajudam. “Os pobres não são um problema: são um recurso de que lançar mão para acolher e viver a essência do Evangelho”, conclui a mensagem, que traz a data do dia 13/06, memória litúrgica de Santo Antônio de Lisboa.
Papa Francisco almoçou festivamente com 1500 pobres na Aula Paulo VI
No 1º Dia Mundial dos Pobres, 19/11/2017, o Papa almoçou na Aula Paulo VI com 1500 pobres. Esses pobres faziam parte dos mais de quatro mil necessitados e pobres acompanhados que participou na Missa presidida pelo Papa na Basílica de São Pedro. Estavam acompanhados pelo pessoal das associações de voluntariado provenientes não apenas da região italiana do Lácio em que Roma se situa, e da cidade em si, mas também de diversas dioceses doutras partes da Europa, como por exemplo, da França, Polônia, Bruxelas e Luxemburgo.
Depois da Missa e do Angelus, esses mil e quinhentas pobres dirigiram-se à Aula Paolo VI, para um almoço festivo com o Papa. O almoço foi animado pela orquestra da Gendarmaria do Vaticano e pelo coro “Le Dolci Note” (As Notas Doces), composto por crianças dos 5 aos 14 anos. Os outros dois mil e quintos pobres foram para diversas cantinas da Cáritas, de Seminários e de Colégios católicos de Roma, onde tiveram também o seu almoço festivo.
No momento da refeição, o Papa dirigiu as seguintes palavras aos seus hóspedes:
“Benvindo a todos! Preparemo-nos para este momento juntos - cada um de nós com o coração cheio de boa vontade e de amizade em relação ao outros - para partilhar o almoço e desejando uns aos outros o melhor. E agora rezemos o Senhor para que nos abençoe, abençoe esta refeição, abençoe aqueles que a prepararam, abençoe a todos nós, abençoe os nossos corações, as nossas famílias, os nossos desejos, a nossa vida e nos dê saúde e força. Uma bênção também a todos aqueles que estão nas outras cantinas espalhadas pela cidade de Roma, porque Roma está cheia disto, hoje. Uma saudação e um aplauso para eles a partir daqui.”
(Fonte: Rádio Vaticano).
Poema de Natal
Vinicius de Moraes
Para isso fomos feitos:
para lembrar e ser lembrados,
para chorar e fazer chorar,
para enterrar os nossos mortos —.
Por isso temos braços longos para os adeuses,
mãos para colher o que foi dado,
dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida: Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos. —
Por isso precisamos velar - falar baixo, pisar leve,
Ver a noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço, um verso, talvez de amor,
uma prece por quem se vai . — Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações, Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre, para a participação da poesia,
para ver a face da morte.—
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem;
da morte, apenas nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes, poeta, diplomata e compositor. No poema acima temos retratado aquele que, para muitos, é um evento triste. ...
Para os que tem fé, Natal não só saudade e despedida. É nascimento de nova vida, motivo de esperança, de que fala o poeta. É tempo de amar, de amar um Deus que é amor, que nos convida a transformar nossa vida e o mundo pela força do amor.