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Convite à reflexão [Jovens em vigília]
08.11.2016 | 14:30 | #capelania-e-identidade-crista
Convite à reflexão [Jovens em vigília]
“Cultivar espaços para crescer e sonhar”. “Não confundir felicidade com vida cômoda, mas deixar-se desafiar por Jesus, que é o Senhor do risco e do desafio”. Esses foram alguns desafios que o Papa Francisco lançou aos jovens na Vigília de oração durante o Jubileu da Juventude, em Varsóvia, Polônia, em julho passado, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. Desafiou ainda os jovens a deixarem marcas de sua passagem pela vida. 

Que marca vamos deixar desse Jubileu da Misericórdia, que se encerra nas dioceses no  próximo dia 13 e em Roma no próximos dias 19 e 20? Nossa Arquidiocese de Pelotas, por ocasião da recente Assembleia de Pastoral (dias 4 e 5 de novembro) decidiu instituir o ministério da visitação aos enfermos, como marca ou recordação desse Jubileu. Para cada grupo ou categoria fica aberto o desafio de como seguir vivendo o espírito do Jubileu. 

Os jovens de nossa Arquidiocese farão um acampamento junto ao Santuário de Guadalupe, na Cascata, com vigília a noite do dia 10 ao 11 de dezembro próximo. Somos convidados a estar próximos desses jovens. Para isso oferecemos a seguir alguns trechos da alocução feita pelo Papa aos jovens, em Varsóvia, por ocasião da vigília do Jubileu da Juventude, dia 30 de julho passado, como estímulo à nossa reflexão.

Fala do Papa Francisco na vigília de oração com os jovens  

Cracóvia, 30 de julho de 2016

Queridos jovens, boa noite! É bom estar aqui convosco nesta Vigília de Oração.

Na parte final do seu corajoso e emocionante testemunho, Rand (jovem da Síria) pediu-nos uma coisa. Disse-nos: «Peço-vos, sinceramente, que rezeis pelo meu amado país». Uma história marcada pela guerra, pelo sofrimento, pela ruína, que termina com um pedido: o da oração. Que há de melhor para começar a nossa Vigília do que rezar?

Vimos de várias partes do mundo, de continentes, países, línguas, culturas, povos diferentes. Somos «filhos» de nações que estão talvez em disputa por vários conflitos, ou até mesmo em guerra. Outros vimos de países que podem estar «em paz», que não têm conflitos bélicos, onde muitas das coisas dolorosas que acontecem no mundo fazem parte apenas das notícias e da imprensa. Mas estamos cientes duma realidade: hoje e aqui, para nós provenientes de diversas partes do mundo, o sofrimento e a guerra que vivem muitos jovens deixaram de ser uma coisa anônima, para nós já não são uma notícia de imprensa, mas têm um nome, um rosto, uma história, fizeram-se vizinhos a nós....

Queridos amigos, convido-vos a rezar juntos pelo sofrimento de tantas vítimas da guerra, desta guerra que há hoje no mundo, para podermos compreender, uma vez por todas, que nada justifica o sangue dum irmão, que nada é mais precioso do que a pessoa que temos ao nosso lado. ...  Agora, não vamos pôr-nos a gritar contra ninguém, não vamos pôr-nos a litigar, não queremos destruir, não queremos insultar. Não queremos vencer o ódio com mais ódio, vencer a violência com mais violência, vencer o terror com mais terror. A nossa resposta a este mundo em guerra tem um nome: chama-se fraternidade, chama-se irmandade, chama-se comunhão, chama-se família. Alegramo-nos pelo fato de virmos de culturas diferentes e nos unirmos para rezar... Sentir que, neste mundo, nas nossas cidades, nas nossas comunidades, já não há espaço para crescer, para sonhar, para criar, para contemplar horizontes, em suma, para viver, é um dos piores males que nos podem acontecer na vida, sobretudo na juventude. A paralisia do medo faz-nos perder o gosto de desfrutar do encontro, da amizade, o gosto de sonhar juntos, de caminhar com os outros. ...

Na vida, porém, há outra paralisia ainda mais perigosa e difícil, muitas vezes, de identificar e que nos custa muito reconhecer. Gosto de a chamar a paralisia que brota quando se confunde a FELICIDADE com um SOFÁ. Sim, julgar que, para ser felizes, temos necessidade de um bom sofá. Um sofá que nos ajude a estar cômodos, tranquilos, bem seguros. Um sofá – como os que existem agora, modernos, incluindo massagens para dormir – que nos garanta horas de tranquilidade para mergulharmos no mundo dos videogames e passar horas diante do celular ou do computador. Um sofá contra todo o tipo de dores e medos. Um sofá que nos faça estar fechados em casa, sem nos cansarmos nem nos preocuparmos. Provavelmente, o «sofá-felicidade é a paralisia silenciosa que mais nos pode arruinar, que mais pode arruinar a juventude. «E porque acontece isto, padre?» Porque pouco a pouco, sem nos darmos conta, encontramo-nos adormecidos, encontramo-nos pasmados e entontecidos. 

Anteontem falei dos jovens aposentados aos vinte anos; hoje falo dos jovens adormecidos, pasmados, estonteados, enquanto outros – talvez os mais vivos, mas não os melhores – decidem o futuro por nós. Certamente, para muitos, é mais fácil e vantajoso ter jovens pasmados e entontecidos que confundem a felicidade com um sofá; para muitos, isto resulta mais conveniente do que ter jovens vigilantes, desejosos de responder, de responder ao sonho de Deus e a todas as aspirações do coração. Vocês – pergunto eu, pergunto a vocês – quereis ser jovens adormecidos, pasmados, entontecidos? [Não!] Quereis que outros decidam o futuro por vós? [Não!] Quereis ser livres? [Sim!] Quereis estar vigilantes? [Sim!] Quereis lutar pelo vosso futuro? [Sim!] Não vos vejo muito convencidos… Quereis lutar pelo vosso futuro? [Sim!]

Queridos jovens, não viemos ao mundo para «vegetar», para transcorrer comodamente os dias, para fazer da vida um sofá que nos adormeça; pelo contrário, viemos com outra finalidade, para deixar uma marca. É muito triste passar pela vida sem deixar uma marca. Mas, quando escolhemos a comodidade, confundindo felicidade com consumo, então o preço que pagamos é muito, mas muito caro: perdemos a liberdade. Não somos livres para deixar uma marca. Perdemos a liberdade. Este é o preço. E há tantas pessoas cuja vontade é que os jovens não sejam livres, há tantas pessoas que não vos amam, que vos querem entontecidos, pasmados, adormecidos,  livres, nunca! Não; isso não! Devemos defender a nossa liberdade... 

Amigos, Jesus é o Senhor do risco, o Senhor do sempre «mais além». Jesus não é o Senhor do conforto, da segurança e da comodidade. Para seguir a Jesus, é preciso ter uma boa dose de coragem, é preciso decidir-se a trocar o sofá por um par de sapatos que te ajudem a caminhar por estradas nunca sonhadas e nem mesmo pensadas, por estradas que podem abrir novos horizontes, capazes de contagiar-te a alegria, aquela alegria que nasce do amor de Deus, a alegria que deixa no teu coração cada gesto, cada atitude de misericórdia. Caminhar pelas estradas seguindo a «loucura» do nosso Deus, que nos ensina a encontrá-Lo no faminto, no sedento, no maltrapilho, no doente, no amigo em maus lençóis, no encarcerado, no refugiado e migrante, no vizinho que vive só. Caminhar pelas estradas do nosso Deus, que nos convida a ser atores políticos, pessoas que pensam, animadores sociais; que nos encoraja a pensar uma economia mais solidária do que esta. Em todos os campos onde vos encontrais, o amor de Deus convida-vos a levar a Boa Nova, fazendo da própria vida um dom para Ele e para os outros. Isto significa ser corajosos; isto significa ser livres...

Você vai me dizer: Mas, padre, eu sou muito limitado, sou pecador… que posso fazer? Quando o Senhor nos chama, não pensa naquilo que somos, naquilo que éramos, naquilo que fizemos ou deixamos de fazer. Pelo contrário: no momento em que nos chama, Ele procura ver tudo aquilo que poderemos fazer, todo o amor que somos capazes de comunicar. Ele aposta sempre no futuro, no amanhã... Por isso, amigos, hoje Jesus convida-te, chama-te a deixar a tua marca na vida, uma marca que determine a história, que determine a tua história e a história de muitos... Hoje, Jesus, que é o caminho, chama-te – a ti… a ti… a ti… [aponta para cada um] – a deixar a tua marca na história. Ele, que é a vida, convida-te a deixar uma marca que encha de vida a tua história e a de muitos outros. Ele, que é a verdade, convida-te a deixar as estradas da separação, da divisão, do sem-sentido. Aceitais? [Sim!] Aceitais? [Sim!] Que respondem agora – quero ver – as vossas mãos e os vossos pés ao Senhor, que é caminho, verdade e vida? Aceitais? [Sim!] O Senhor abençoe os vossos sonhos. Obrigado!
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