No dia 20 de novembro comemoramos a Consciência Negra e a luta do povo negro contra o preconceito vivido até os dias de hoje.
A escolha da data foi em homenagem a Zumbi, o último líder do Quilombo dos Palmares. Zumbi foi morto por ser traído por Antônio Soares, um de seus capitães. O quilombo ficava no estado de Alagoas, na Serra da Barriga. Ele foi criado por escravos fugitivos, que não suportavam viver sofrendo maus tratos e castigos de seus feitores, como permanecerem amarrados aos troncos, sob sol ou chuva, sem água e sofrendo com açoites e chicotadas. O local abrigou uma população de mais de vinte mil habitantes.
Muitas pessoas não concordavam com a escravização. Essas apoiaram a criação de leis visando à abolição da escravatura. Começaram com a Lei do Ventre Livre, criada em 1871, concedendo liberdade aos filhos dos escravos nascidos após a lei. No ano de 1885, criou-se a Lei dos Sexagenários, dando liberdade aos escravos com mais de sessenta anos de idade. Finalmente, com a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888, os escravos conquistaram o direito de serem livres.
O grande problema dessa libertação foi que os escravos foram abandonados à própria sorte, sem preparação para o trabalho livre nem direito à posse de terras, mesmo estando libertos. Com isso, a tão esperada liberdade não chegou na verdade. Quem foi libertado foi o dono, que ficou livre de qualquer responsabilidade. As oportunidades de vida que os ex-escravos ficaram limitadas nos trabalhos pesados, como não haviam estudado e não aprenderam outros ofícios além dos braçais. Alguns conseguiram emprego no comércio.
O dia da Consciência Negra surgiu para lembrar o quanto os negros sofreram, desde a colonização do Brasil, suas lutas, suas conquistas. Mas também serve para homenagear àqueles que lutaram pelos direitos dos afrodescendentes, seus principais feitos e apoiá-los nas suas lutas atuais.
A luta do povo negro é por igualdade e pela superação do preconceito racial, que na verdade é, sobretudo, um preconceito de cor. No Brasil, é melhor ser branco que ser negro. Quando ele grita e reclama, há gente que considera isso vitimismo. Na verdade, é de cultivo da consciência negra e de luta por olíticas afirmativas, que ajudem na superação de uma desigualdade histórica, fruto de 300 anos de escravidão e de uma libertação incompleta. Uma dessas políticas são as cotas, que aliás, valem também para os povos originários, os chamados índios. Pode-se discordar da forma, mas se tem mostrado uma política eficaz de acesso à universidade e à função pública de quem não teve as mesmas chances no passado.
Raça, religião ou classe social não podem ser usados para discriminar outro ser humano. Temos todos a mesma dignidade, pois somos “filhos de Deus” e irmãos na grande família humana. Com os mesmos direitos e deveres. Somos iguais em direitos e diferentes em tantas outras coisas. Temos que aprender a respeitar e valorizar as diferenças, por exemplo, de opinião e de tradições culturais. Que neste dia, todos nós, negros ou brancos, possamos refletir sobre isso e lutar por um mundo sem preconceitos e no qual reinem o respeito e a colaboração.