A Conferência do Clima, que se reuniu nesse mês de novembro no Marrocos, levou uma ducha de água fria com a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA. Durante a campanha eleitoral, Trump declarou que para ele a mudança climática como uma “farsa”, uma invenção da China para prejudicar os interesses americanos e ameaçou “anular” o acordo global. A esperança dos delegados é que isso fosse apenas um discurso eleitoral, pois a saída dos americanos do norte seria um desastre para o acordo, uma vez que eles produzem 18% da poluição no mundo e tem contribuído com recursos para combater o aquecimento global.
A conferência, que reuniu mais de 5.000 delegados de 196 países, teve avanços significativos, na definição de compromissos na implantação do acordo climático de Paris. O Brasil esteve presente, inclusive com uma forte delegação da Amazônia e representantes dos povos indígenas, ameaçados pela devastação ambiental. Leia mais sobre o tema no texto que oferecemos para reflexão nesta semana. Boa leitura!
Conferência do Clima em Marrakesh e a vitória de Trump
Os participantes da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 22), que se reuniu em Marrakesh, Marrocos, de 7 a 18 de novembro deste ano, ficaram chocados com a vitória de Donald Trump na eleição presidencial americana. Eles acreditam que o futuro presidente, apesar de ter negado a existência das mudanças climáticas, não minará o acordo mundial em busca de energias limpas, embora vários tenham classificado sua vitória como um desastre. A responsável da ONU encarregada dos assuntos do clima, Patrícia Espinosa, felicitou Trump – que havia classificado as mudanças climáticas como uma “farsa” e ameaçou “anular” o acordo global – por sua vitória nas presidenciais dos Estados Unidos.
“No momento em que 103 países que representam a emissão de 70% dos gases de efeito estufa ratificaram o acordo de Paris, ele não pode revertê-lo, diferentemente do que ele disse” Segolene Royal, ministra francesa do Meio Ambiente.
A responsável da ONU encarregada dos assuntos do clima, Patrícia Espinosa, felicitou Trump – que havia classificado as mudanças climáticas como uma “farsa” e ameaçou “anular” o acordo global – por sua vitória nas presidenciais dos Estados Unidos. “Esperamos cooperar com seu governo para fazer a agenda da ação climática avançar, em benefício dos povos do mundo”, disse Espinosa em uma declaração durante a COP 22, que é realizada na cidade marroquina. Trump “não pode evitar a implementação” do acordo de Paris, selado na capital francesa em dezembro passado, afirmou, por sua vez, Segolene Royal, ministra francesa de Meio Ambiente e presidente em fim de mandato do fórum da ONU. “No momento em que 103 países que representam a emissão de 70% dos gases de efeito estufa ratificaram o acordo de Paris, ele não pode revertê-lo, diferentemente do que ele disse”, afirmou Royal em declarações à rádio francesa RTL.
Uma farsa
Além de descrever as mudanças climáticas como uma “farsa”, obra do governo chinês, Trump disse em diversas ocasiões que “renegociaria” ou “cancelaria” o pacto aprovado por 196 países. Royal destacou que, segundo os termos do acordo, os Estados Unidos devem esperar ao menos três anos antes de poder eventualmente se retirar. Os diplomatas e empresários focados em fazer com que a economia global evolua dos combustíveis fósseis aos renováveis esperam que o impulso que ganharam se mantenha, apesar dos pontos de vista de Trump. “A eleição de Trump é um desastre, mas não pode ser o fim do processo internacional sobre o clima”.
“O presidente eleito Donald Trump foi a fonte de muito debate sobre as mudanças climáticas no último ano”, disse em uma declaração Hilda Heine, presidente das Ilhas Marshall, atingidas recentemente por tempestades devastadoras. “Mas agora que a campanha eleitoral passou”, acrescentou Heine em sua declaração, “espero que ele se conscientize de que as mudanças climáticas são uma ameaça para seu povo e para países inteiros que compartilham mares com os Estados Unidos, incluindo o meu”, disse.