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[Convite à Reflexão] - Capelania UCPel
26.11.2014 | 15:57 | #capelania-e-identidade-crista
[Convite à Reflexão] - Capelania UCPel
A Capelania da UCPel oferece nesta semana dois textos que buscam explicitar um dos “rostos concretos” citados pelo Documento de Puebla e retomado pelo Documento de Aparecida – os/as jovens. O pesquisador da UFSCAR, Paulo Fernando Dalla-Déa, apresenta a perspectiva do Concílio Vaticano II que assumiu a responsabilidade de dar vez e voz para a juventude na Igreja. O outro artigo apresenta a compreensão do divino que se revela na juventude. Para Hilário Dick, que há muitos anos acompanha a caminhada juvenil e reflete sobre ela, “falar de juventude é, também, falar de Deus que é semente dentro dela”. E cita o importante documento “Evangelização da Juventude – desafios e Perspectivas Pastorais”, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): “o jovem necessita não somente que falemos para ele de um Deus que vem de fora, mas de um Deus que é real dentro dele em seu modo juvenil de ser, desejando irromper e deixar de ser um grito silenciado”. Para Hilário, “o Deus da juventude tem um rosto de juventude, com tudo o que isso significa”.

Aceite o convite.

Boa leitura!


A Igreja e a juventude antes e depois do Vaticano II (entrevista especial com Paulo Dalla-Déa)

O Concílio Vaticano II não partiu da postura defensiva e desconfiada. Incentivou os jovens a participar e a dar sua contribuição na Igreja, diz o pesquisador da UFSCAR.

Na concepção do pesquisador Paulo Fernando Dalla-Déa, os jovens têm muito a dizer hoje à Igreja. E depois do Concílio Vaticano II eles passaram a ter cidadania eclesial: “são membros das comunidades e não dependem de uma tutela explícita, como muitos falam e querem. E foi o Concílio que assumiu a responsabilidade de dar vez e voz para a juventude na Igreja, de forma oficial e permanente”. Esta e outras afirmações foram feitas na entrevista que concedeu por e-mail à IHU On-Line, onde defende que, sem o Vaticano II, a Igreja não teria olhado e dado chance aos novos protagonistas da história: jovens, mulheres, operários, etc. “Estaríamos com o discurso do enfrentamento do mundo, numa Igreja que se considera o último bastião da salvação e da moralidade. O Concílio tem uma visão positiva desses novos atores sociais e da sociedade. Muitos dizem que era uma visão ingênua, mas sem essa visão positiva, você não consegue trabalhar com nada e com ninguém”.

Paulo Fernando Dalla-Déa é doutor em Teologia pela Escola Superior de Teologia e mestre em teologia pastoral pelo Centro Universitário Assunção – UNIFAI. É pesquisador do Grupo de Gêneros do Discurso (GEGE), do Departamento de Letras da UFSCAR/SP. Em 20134 fez estágio pós-doutoral na Université Laval (Quebec), na área de Ciências da Religião, sobre as expectativas dos adolescentes urbanos com relação à Igreja Católica.

Eis a entrevista.

IHU On-Line – Em linhas gerais, qual o foco da abordagem que o senhor trará ao falar sobre o tema “O Vaticano II e a juventude”?

Paulo Dalla-Déa – Quero mostrar como a Igreja (por seus discursos oficiais) vê a juventude, antes e depois do Vaticano II. Houve uma evolução, mas ainda falta muito para refletir e fazer. A Igreja ainda fala muito e escuta pouco. É preconceito: os jovens têm muito a dizer hoje à Igreja. Mas, depois do Vaticano II, eles têm cidadania eclesial: são membros das comunidades e não dependem de uma tutela explícita, como muitos falam e querem. E foi o Concílio que assumiu a responsabilidade de dar vez e voz para a juventude na Igreja, de forma oficial e permanente.

IHU On-Line – Quais as principais expectativas dos adolescentes urbanos contemporâneos com relação à Igreja Católica?

Paulo Dalla-Déa – A grande expectativa deles é ter um espaço e poder se manifestar dentro das comunidades. Vi isso quando fiz meu doutorado e perguntei o que eles esperavam da(s) Igreja(s). O que eu ouvi foi muito disso: temos uma Igreja engessada (no ritual, no discurso, nos dogmas, nas pastorais) e eles querem é mais flexibilidade e participação. Eu achava que eles iriam dizer algo como queremos música, dança, etc. Sem o essencial, o resto é só manipulação. E eles sabem disso. Você conhece aquela música que diz que “o jovem no Brasil não é levado a sério”? Pois é, nem na Igreja. Muitos acreditam que o jovem não pode e nem deve se manifestar sem a presença de um adulto. Sem ser tutelado. Os documentos dizem outra coisa, tanto os documentos mundiais como nacionais, mas eles não chegam à realidade de nossas comunidades católicas.

A maioria dos nossos leigos atuantes pouco leem os documentos oficiais ou estudam a teologia. A teologia que muitos conhecem é a do vigário que prega contra ou a favor disso ou daquilo. Ou a teologia pregada por padres midiáticos, que tem um viés bem conservador e alarmista. Claro que muita coisa mudou e está melhorando, mas os jovens continuam sem espaço de opinião e manifestação dentro das comunidades, com raras exceções. E o que eles querem é isto mesmo: um espaço de convivência e de fé em que possam ser jovens. Encontrei esse mesmo problema de esperar espaço de participação na Igreja Anglicana. Então, parece que não é um problema apenas católico, mas de igrejas de perfil mais tradicional, com um viés mais conservador, que, no caso, se traduz por uma desconfiança na juventude.

IHU On-Line – Como o Vaticano II contribuiu para a visão de Igreja que os jovens possuem hoje?

Paulo Dalla-Déa – Sem o Vaticano II a Igreja não teria olhado e dado chance aos novos protagonistas da história: jovens, mulheres, operários, etc. Estaríamos com o discurso do enfrentamento do mundo, numa Igreja que se considera o último bastião da salvação e da moralidade. O Concílio tem uma visão positiva desses novos atores sociais e da sociedade. Muitos dizem que era uma visão ingênua, mas sem essa visão positiva você não consegue trabalhar com nada e com ninguém. Só a partir dela é que se consegue fazer algo. Foi assim, com Cirilo e Metódio, evangelizando os eslavos, foi assim com Matteo Ricci na China, foi assim com os jesuítas nas missões da América Latina. Sem uma visão de aproximação positiva, nem estaríamos aqui falando sobre isso.

IHU On-Line – Qual a especificidade do discurso religioso do Vaticano II no que se refere à mensagem direcionada aos jovens?

Paulo Dalla-Déa – Creio que mais do que conceitos, aqui vale a postura: o Concílio não partiu da postura defensiva e desconfiada. Incentivou os jovens a participar e a dar sua contribuição na Igreja. Eles são até convidados a fazer apostolado (termo da época): são missionários mesmo antes de amadurecer totalmente como pessoas e como cristãos. Aqui está a novidade: a confiança de que o Espírito Santo age em todos os batizados, não só no clero. (Apostolicam Actuositatem, números 9, 12, 30 e 33). Isso parece pouco, mas muda tudo.

IHU On-Line – Gostaria de acrescentar mais algum comentário sobre o tema?

Paulo Dalla-Déa – Creio que a importância do Vaticano II está sendo restaurada pelo Papa Francisco, que é mais sóbrio, tem uma palavra mais fresca e simpática e que valoriza as pessoas. Tem um estilo e um discurso diferentes de Bento XVI. Mas torço, rezo e espero que isso não seja só discurso e nem apenas estilo pessoal: precisamos de uma Igreja menos monárquica, menos centralizadora e menos absolutista. Mais voltada para valores democráticos e evangélicos. Não um ou outro, mais os dois: evangélicos e democráticos.

Atualmente sofremos o peso de uma Igreja paquidérmica: muita instituição, muitos departamentos e dicastérios, muitos rituais, muito tudo. Precisamos de uma estrutura mais leve, porque um elefante dança, mas a que peso e a que custo? O Vaticano II nos colocou em uma dinâmica nova, de colegialidade e de mais respeito. O Vaticano II soube escutar as vozes dos novos atores sociais e eclesiais.

Hoje, precisamos escutar e dinamizar essa visão. Temos ainda outros atores que foram surgindo, novas demandas nas comunidades eclesiais por todo o mundo. Retomar ao conteúdo e à prática do Concílio é ouvir com respeito todas essas vozes e saber que a unidade da Igreja não se faz na uniformidade, mas na beleza de uma polifonia regida na caridade do respeito às identidades diferentes. Permita-me citar Ítalo Calvino, que nas demandas para um novo milênio nos lembrava da leveza. É dessa leveza do Evangelho que o Concílio nos fala e é para ela que nos impulsiona.

Fonte: Instituto Humanitas (IHU), Unisinos, Notícias Diárias, 29 de junho de 2013 



O Divino no Jovem: elementos teologais para a evangelização da cultura juvenil

(Hilário Dick)

2) As sementes do Verbo na juventude

Falar de juventude é, também, falar de Deus que é semente dentro dela.

É por estas razões que a evangelização da cultura juvenil se constitui, para a Igreja, um problema central. Se quisermos ser portadores de uma Boa Nova, precisamos ser especialistas, também, na Boa Nova que a realidade juvenil carrega em si. Conhecer a cultura juvenil, para um evangelizador, é reconhecer que no segmento da sociedade chamado “juventude” se encontram as sementes ocultas do Verbo3, como fala o Decreto “Ad Gentes”, do Vaticano II. Neste sentido, precisamos aprender a estudar, reconhecer, aprofundar e estimular o divino que há no jovem. “Entrar em contato com o divino da juventude é entender sua Psicologia, sua Biologia, sua Sociologia e sua Antropologia com o olhar de Deus”, dizem os bispos do Brasil.4 Sem menosprezar outras leituras necessárias, a novidade que a cultura juvenil nos apresenta neste momento, é sua Teologia, isto é, o discurso que Deus nos faz através da juventude. Não considerar isso é deixar de lado o específico da evangelização juvenil. Como diz o mesmo documento da CNBB, “o jovem necessita não somente que falemos para ele de um Deus que vem de fora, mas de um Deus que é real dentro dele em seu modo juvenil de ser, desejando irromper e deixar de ser um grito silenciado”. O Deus da juventude tem um rosto de juventude, com tudo o que isso significa.

Assim como se fala de Psicologia do Jovem, etc, precisamos aprender a falar da Teologia do Jovem, isto é, do discurso divino proferido pelo jovem. Trata-se de uma visão do mundo banhada de fé e fundada na revelação do divino através do jovem. O jovem, nessa perspectiva, é uma realidade teológica que é preciso aprender a ler e desvelar. Não se trata de sacralizar o jovem, imaginando-o como alguém que não erra; trata-se de ver o sagrado que se manifesta de muitas formas, também na realidade juvenil. Trata-se de fazer uma leitura teológica do que, de forma ampla, chamamos de “cultura juvenil”. Trata-se de uma Teologia que nasce e cai em terra nova (jovem), iniciando a ser cultivada; não em terra (antiga) já cultivada, mas em terreno inexplorado. “Numa época em que se fala tanto de “inculturação” ou – como em outros termos – de encarnar-se na realidade, de aceitar o novo, o plural e o diferente, na evangelização da juventude todo esse discurso toma feições muito concretas e imprevisíveis. Dizer que, para a Igreja, a juventude é uma prioridade em sua missão evangelizadora, é afirmar que se quer uma aberta ao novo, é afirmar que amamos o jovem não só porque ele representa a revitalização de qualquer sociedade, mas porque amamos, nele, uma realidade teológica em sua dimensão de mistério inesgotável e de perene novidade”.5

Falar de juventude é falar de novidade de modo muito concreto. Um botão de rosa é diferente da rosa desabrochada; um nascer do sol é diferente de um pôr do sol; uma criança no colo da mãe é diferente da mãe que a amamenta; alguém amar como esposo ou esposa é diferente de alguém perceber-se “invadido”, pela primeira vez, pelo outro e pela outra, nos seus sentimentos mais radicais. São comparações que exigem ser compreendidas. Quando ouvimos o Senhor do Apocalipse dizer que faz novas todas as coisas (Ap. 21, 5) certamente essa “novidade” tem um novo sabor, pensando em juventude. Além disso, a juventude não é um bloco maciço. Assim como toda a realidade, ela é muito complexa, sem deixar – contudo – de ser juventude, com todas as suas tonalidades. Sem absolutizar a leitura e sem perder-nos em discussões que podem ser estéreis, quando falamos de “juventude” pensamos no segmento que se move entre os 14 e os 30 anos. Sem negar que existem formas de ser e viver que, com carinho, chamamos “juvenis”, em pessoas de mais idade, não é a isso que nos referimos quando falamos, aqui, de “juventude” e de “jovem”. Até poderíamos perguntar-nos pelo que entendemos quando afirmamos, por exemplo, que a pessoa de 40 anos ou mais anos tem um “espírito jovem”.

3) A adultez de nossas Ciências

Quando se fala de juventude, sem querer nós gaguejamos...

Se nos atrevemos a falar de Teologia do Jovem ou do divino no jovem, é porque estamos convictos no jovem, é porque estamos convictos de que esta Teologia nos faz falta na evangelização e, além disso, é uma realidade que tem dificuldade de adquirir cidadania porque tudo que é novo assusta. Estudando a história dos jovens na perspectiva do protagonismo temos que confessar que a juventude, como realidade histórica, é uma realidade abafada pelo mundo dos adultos, também pelas ciências como a História e a Antropologia. Existe uma obra que analisa o fenômeno juvenil através da história. Intitula-se, sugestivamente, “Gritos silenciados, mas evidentes – os jovens construindo juventude na história”.6 As sociedades, em todos os tempos, tiveram e têm dificuldade em admitir a novidade emergindo das manifestações juvenis, consideradas menos importantes. Prefere-se supor que eles, os jovens, são eternos repetidores de uma mesma tendência e que são incapazes de revelar-nos novidades.

Não se valorizam, por isso, as leituras dos fatos humanos que tomem em consideração o viés juvenil. Pode-se dizer, até, que certas Ciências são muito “adultas”, isto é, estacionaram numa leitura da realidade na perspectiva do que já está constituído, isto é , do que é adulto e estabelecido. A crise das Ciências, com suas certezas atualmente questionadas, tem a ver com o que estamos tentando dizer. Damo-nos a licença, portanto, de falar da Teologia. Apesar de sua efervescência através dos séculos, é nela, na juventude, que nossa afirmação se torna atual.

Até a Teologia, como as outras Ciências, corre o risco de ser demasiadamente “adulta”, apesar da dinamicidade de seus dogmas. Ela corre o risco de não tomar em conta, em seu discurso, o verdadeiro processo de humanização, compreensão e apreensão da realidade. Embora a maturidade teológica seja uma graça, ela não é estática. Infelizmente temos que reconhecer que  -  na tentação da segurança o e do esquecimento do valor do provisório  -  a nossa Teologia, especialmente a transmitida em sua prática, é adulta de corpo, de barriga e de cabeça. Especialmente na pregação e nas atitudes. Temos que reconhecer que ela não tem “cara jovem”. Faze-se imperante, por isso, uma “vontade teológica” de pensar mais teologicamente não só a questão juvenil, mas outros aspectos da inculturação e da formação da pessoa como um processo, de modo envolvente e participativo e não de modo autoritário e  -  como diria Paulo Freire  -  bancário. Os exemplos concretos podem ser encontrados em trabalhos de evangelização com os jovens que não são dos jovens, mas para eles.7 Não estamos dizendo que a Teologia e a Pedagogia  não devam ser “adultas”; afirmamos que a verdadeira adultez carrega em si a dinamicidade do provisório, isto é, da novidade e da juventude. Uma comparação que exemplifica o que desejamos afirmar é com o que vai acontecendo como a Teologia do Feminino. É necessário saber traduzir a nossa Teologia para a realidade juvenil, desvelando o teológico nesta realidade.

Parece-nos evidente recordar que a igreja e a Teologia dão a impressão que sabem falar para e de adultos e crianças, mas gaguejam quando falam para e da juventude. Por que seria mais fácil falar para crianças? É que o “auditório” permite ... movido por uma convicção ou uma necessidade geral de “dependência”. Por que não florescem com mais pujança cursos de Teologia para pessoas que não são do “clero”? Sem sermos apressados, o que fica sempre mais patente é que quando o “auditório” é feito de “assistentes” em busca de autonomia, de protagonismo e de rejeição de tudo que carrega a vestimenta da imposição, a reação é outra. Enquanto a criança é objeto de evangelização, o discurso “adulto” vai aparentemente bem. A transmissão de valores e a conversa têm repercussão porque “vem de cima”. Por que, contudo, a situação muda quando esta criança se torna adolescente e jovem? Diz-se, até, que as cerimônias do sacramento da crisma são a solene despedida da vida eclesial por parte da maioria dos adolescentes... Não só a Pedagogia devia ser outra; deve ser outra a forma de encarar a figura do e da adolescente. Mais do que uma questão didática está em jogo uma postura teológica e pedagógica não só diante do que se quer transmitir, mas uma atitude pedagógica e teológica frente a quem é dirigida a pretendida Boa Nova.

A Boa Nova não só vem de fora; ela é semente escondida na terra e precisa ser cultivada com respeito enorme. Quando lemos no Evangelho de São João que Jesus diz a Pedro que “se eu não te lavar, não terás parte comigo” (Jo 13, 8) chama a atenção para a importância do evangelizando “ ser lavado”, isto é, conhecido e respeitado em sua intimidade porque o Reino precisa ser “lavado”, isto é, desvelado, retirando cegueiras e sujeiras que impedem fazer parte do Reino que já está ali. È preciso saber, principalmente a partir de certa idade, a enfrentar e desejar ajudar a construir a liberdade do outro. Pode até acontecer que o outro não queira ser lavado, julgando que não precisa, como Pedro no Evangelho. O importante é ter a bacia nas mãos e o sabor da novidade no coração, com disposição de lavar, isto é, de desvelar o mistério que exige outra postura de vida, saindo do estabelecido. Cristo não estava fazendo somente um gesto; havia assumido Pedro em sua vocação e grandeza.

Por isso falamos da Teologia do Jovem, um assunto que é mais do que uma mudança de postura didática. Precisamos descobrir um novo campo teológico. É nessa geografia que se fundamenta a importância do conhecimento cada vez mais cientifico da juventude, em todos os aspectos, não só pedagógica ou psicologicamente.O jovem como uma realidade que nos revela Deus. Na educação da fé de todos, especialmente dos jovens, não bastam os espaços “autoritários” da obrigatoriedade da Catequese e da Crisma. Com muita sabedoria precisamos aprender a revelar ao jovem a riqueza infinita que mora nele. Ele precisa e sonha descobrir o que é Deus, Jesus Cristo, Igreja etc, mas aprender, igualmente, o que ele é, teologicamente, numa concepção de liberdade e de vida.

Assim como falamos que a Teologia, em geral, é muito “adulta” e estacionada, poderíamos falar da Espiritualidade, igualmente, em geral muito adulta e sem fome de novidade. A Espiritualidade, para ser verdadeira, precisa também encarnar-se nas diferentes realidades. Ela precisa ser jovem, com um perene sabor de novidade, sem significar uma tendência superficial de ser “novidadeira”. Evidente que se não houver, atrás da Espiritualidade, uma Teologia semeada na realidade juvenil, ela será “adulta” e, por isso, com dificuldade de ter repercussão num recipiente “jovem”. Sucede o momento que lemos no Evangelho, quando os discípulos de João se queixavam a Jesus sobre o jejum que seus discípulos não faziam. Jesus lhes diz que “não se põe vinho novo em barris velhos, senão os barris se arrebentam, o vinho se derrama e os barris se perdem. Vinho novo se põe em barris novos e assim os dois se conservam” (Mt 9, 17). Ser adulto é pôr vinho novo em odres novos; só dessa forma os velhos, “adultos”, também se conservarão.

3 Veja-se “Ad Gentes” número 11. [seguimos aqui a numeração original das notas de rodapé]
4 Evangelização da Juventude – desafios e Perspectivas Pastorais. Publicações da CNBB / 3, nº 80.
5 Idem, nº 81.
6 São Paulo: Loyola, 2003. O autor é Hilário Dick.
7 Um capitulo que precisa ser aprofundado por todos, também pela Igreja, são só possíveis paradigmas possíveis [sic] com relação à pesquisa e ao trabalho com a juventude. São “cenários” que existem e que exigem opções porque é diverso o peso pedagógico e teológico que carregam.


Fonte: [ São Paulo: Centro de Capacitação da Juventude, 2009; p. 13-25 ]

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