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Convite à Reflexão
06.09.2018 | 11:50 | #capelania-e-identidade-crista
Convite à Reflexão
Apresentação

Essa semana da Pátria coincide com período de propaganda eleitoral. A 7 de outubro teremos eleições. Muitos jovens votarão pela primeira vez. Terão a oportunidade de eleger governantes (presidente e governador) e legisladores (deputado federal, senador e deputado estadual). Eles serão nossos representantes nas várias esferas, com a responsabilidade de buscar saídas para nossa crise social e institucional.

Há muitas incertezas em torno dessas eleições. O quadro eleitoral é confuso, com muitos candidatos a presidente da república (13 ao todo) e pouca clareza de propostas.  A isso se junta a incerteza sobre o papel de Lula, após a impugnação de sua candidatura pela Justiça Eleitoral. Que força ele terá para transferir votos para seu sucessor? O primeiro texto nos ajuda a refletir sobre nosso quadro eleitoral, e nos alerta a não esperar que com essa eleição vamos resolver nossos problemas. Será o início de uma nova etapa, em que teremos que estar alertas e cobrar coerência dos que forem eleitos. 

No segundo texto, o reitor da PUC de Minas Gerais, Dom Joaquim Mol (que é também bispo auxiliar de Belo Horizonte), apresenta cinco critérios para bem votar. Para quem tem dúvidas na escolha de seus candidatos/as, esses critérios podem ser bem úteis, para escolhermos o melhor para cada cargo, ou, na falta desse, de votar no “menos pior”. É bom lembrar que votar em branco ou nulo não é uma boa. Favorece quem está na frente, talvez um candidato que eu não gostaria de ver eleito. 

Boa Leitura! 

(Martinho Lenz,  SJ – pela capelania).

Campanha não prenuncia solução para o Brasil
 
É necessário alertar que as eleições não são necessariamente o bálsamo que resolverá uma situação complicadíssima (escreve o jornal El Pais, em seu editorial de 20 de agosto passado). A instabilidade institucional, a incerteza econômica e uma profunda crise política marcam a campanha que começou no Brasil e que terminará, em outubro, com a eleição do novo presidente do gigante sul-americano. Não se trata de uma boa notícia para o país mais importante da região que até poucos anos atrás era visto como exemplo para o mundo de sucesso político, crescimento econômico e combate à pobreza.
 
As eleições porão fim a um mandato turbulento caracterizado por casos de corrupção em grande escala que comprometeram profundamente tanto o setor político como o econômico, protestos maciços de uma classe média prejudicada e insatisfeita com a atitude dos políticos e uma convulsão institucional quase suicida que, entre outros efeitos, teve o polêmico impeachment, em 2016, da presidente eleita Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT).  Mas é necessário alertar que as eleições não são necessariamente o bálsamo que resolverá uma situação complicadíssima. De fato, os sinais observados na pré-campanha não convidam ao otimismo. 
 
Primeiro, porque o desencanto do eleitorado com a situação criada deixou um número expressivo de brasileiros sem saber em quem votar, e nem mesmo se vai votar. E não fica atrás o fato de o favorito ser Jair Bolsonaro, um ex-militar que defende posições nacionalistas de extrema-direita e escolheu como companheiro de chapa um general na reserva, defensor da ditadura militar que o país sofreu entre 1964 e 1985. Bolsonaro usa uma estratégia de comunicação – os institutos de pesquisa o consideram o político mais eficaz nas redes sociais – com a qual tem conseguido chegar às pessoas. Os outros candidatos, ancorados em outras fórmulas, têm uma dificuldade adicional quando se trata de divulgar suas mensagens.
 
A outra circunstância que marca a campanha é a situação do ex-presidente – e por enquanto candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva (que acabou tendo sua candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral). Enquanto 12 dos 13 candidatos vão viajar milhares de quilômetros tentando ganhar eleitores e participar de inúmeros debates televisivos, Lula transformou sua cela na sede da Polícia Federal em Curitiba em um escritório onde recebeu dezenas de visitas e dá instruções. A estratégia do PT, apoiada no prestígio de um presidente que ganhou duas eleições e colocou o Brasil como modelo de democracia e economia pujante – é fazer seu candidato ficar o mais presente possível mediante imagens de arquivo e distribuição de máscaras nos comícios. A ver até que ponto, numa sociedade marcada pela imagem e pelo imediato, a figura de um candidato ausente será eficaz na hora de ganhar votos (ou transferiri votos para o seu substituto Fernando Haddad). ...  Em qualquer caso, dentro do poderoso partido de esquerda, há vozes que acreditam que a tática do líder veterano está fazendo seu  substituto, Fernando Haddad, perder um tempo precioso na candidatura.

Cinco pontos para bem votar nas próximas eleições
 
Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar em Belo Horizonte e reitor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, apresentou recentemente uma lista de cinco pontos que merecem atenção dos cristãos no Período Eleitoral do Brasil:

1. É preciso identificar candidatos/as que defendam a vida em toda em qualquer circunstância, da gestação ao seu término natural. Mas, como nos lembrou o Papa Francisco, é preciso defender a vida tanto contra o aborto quanto contra as desigualdades sociais e suas mazelas e misérias. Pois ambos matam com a mesma intensidade. O papa e a Igreja são movidos pela mesma convicção, numa postura de coerência, principalmente agora que ele declarou a pena de morte inaceitável em qualquer situação.

2. É preciso identificar candidatos/as que priorizem três áreas de atuação de forma clara e inequívoca e apresentem propostas concretas para a educação, a saúde e o emprego. Uma das graves causas da situação difícil de nosso País são os baixos níveis de qualidade na educação, no cuidado da saúde e na geração de empregos. Um povo educado com qualidade e consciência crítica, com boa saúde universalizada e pleno emprego consegue dar passos largos na construção dos seus destinos.

3. É preciso identificar candidatos/as que tenham compromisso sério com o meio ambiente, numa expressão do cuidado com a Casa Comum e neste contexto seja inserido o compromisso de respeito e forte defesa dos povos tradicionais, comunidades indígenas, ribeirinhas, negras e outras.

4. É preciso identificar candidatos/as que promovam a paz e a dignidade humana; trabalhem contra toda violência; restaurem a confiança e a democracia, aperfeiçoando-a com a participação popular; comprometam-se com as reformas necessárias de forma justa, sem supressão de direitos do povo trabalhador e dos segmentos excluídos da sociedade; colaborem com a necessária reforma do Judiciário e do Ministério Público do País, que a cada dia se mostram como “castas” superiores e corporativistas.

5. Ainda, é preciso identificar candidatos/as que respeitem a laicidade do Estado e cuidem da pacífica convivência entre as várias culturas e religiões, as regionalidades e as tradições, com espírito fraterno de tolerância e justiça.

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