Pelotas, um dos pólos escravistas mais violentos do Rio Grande do Sul – principalmente durante o ciclo das Charqueadas - sediará entre os dias 24 e 26 de julho o 1º Congresso Brasileiro de Pesquisadores (as) Negros (as) da Região Sul (Copene Sul). Além de ser uma forma de reparar o passado, o encontro será excelente oportunidade para pesquisadores do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná e de países do Cone Sul mostrarem suas produções científicas direcionadas à população negra.
A Universidade Católica de Pelotas (UCPel), que é uma das instituições de ensino parceira do Congresso, também possui pesquisa nesta área, que está sendo desenvolvida pela doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras, Olga Maria Pereira. Com o título Uma análise sobre o discurso da desracialização da docência negra em Instituições de Ensino da Cidade de Pelotas-RS, o trabalho pretende desvelar as estratégias de discursos que persistem em defender a ideia de uma igualdade de condições independente da cor da pele.
“Com o encontro, esperamos congregar pesquisas do Sul do Brasil e Cone Sul que trabalham com questões de interesse da população negra. Também queremos provocar o debate sobre a função social da pesquisa”, explica a professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenadora da comissão organizadora, Georgina Helena Nunes.
Durante os três dias do Congresso, estarão em pauta questões como os dez anos de implementação da Lei nº 10.639/2003, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) para incluir o estudo da História e Cultura Afro-brasileira no currículo escolar, a Lei nº 12.711/2012 que implementou as cotas em Institutos e Universidades Federais, entre outros temas. Também haverá espaço para mostrar novas possibilidades de pesquisa nesta área.
Não menos importantes serão as manifestações artísticas, integradas com as atividades do Congresso. “As reuniões serão intercaladas com vivências ancestrais, visando quebrar o ritmo do trabalho para retornar com outra energia”, diz Georgina, complementando que, com o passar dos anos, esses rituais passaram a ter local e hora marcados. “Com essas intervenções queremos recuperar a espontaneidade das manifestações culturais, pois também são formas de transmitir conhecimento”.
O professor da UCPel e integrante da comissão de Comunicação do Copene, Adail Sobral, conta que será a primeira vez que este evento ocorrerá na região Sul do país, em decorrência da necessidade de aprofundar em âmbito regional os debates recorrentes nos Congressos Nacionais.
As inscrições estão abertas tanto para participação como ouvinte como para apresentar trabalhos, e podem ser realizadas através do
site do evento, onde também é possível obter outras informações. O Copene Sul é promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores (as) Negros (as).
A programação completa do evento pode ser conferida
aqui.
* Na foto, prof. Adail Sobral (UCPel) e profa. Georgina Nunes (UFPel).