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Bastidores da indústria fonográfica e inovação são abordados por André Midani na UCPel
Bastidores da indústria fonográfica e inovação são abordados por André Midani na UCPel
Bem-humorado e irreverente, o ícone da indústria fonográfica brasileira André Midani arrancou risos da plateia, aconselhou, contou histórias e fez análises para uma plateia curiosa e entusiasmada durante a 3ª Semana Acadêmica de Produção Fonográfica da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Aos 80 anos, Midani fez um relato de duas horas baseado em seu livro Música, Ídolos e Poder – do Vinil ao Download, na tarde desta quarta-feira (24). O “executivo de discos”, como se intitulou, atuou em gravadoras como EMI, Odeon, Polygram (Philips) e Warner (Time Warner). Lançou João Gilberto e a bossa nova no mercado nacional, estava por trás de discos e cantores centrais da música popular brasileira (MPB) nos anos 60 e 70, como Elis Regina, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque, e depois emplacou, na década de 80, toda a geração do rock brasileiro. Foi considerado pela revista Billboard, em 1984, uma das 90 pessoas mais importantes da história da indústria mundial de discos.

Midani começou sua conversa com os estudantes falando sobre paixão. “Tive a sorte de descobrir o que queria fazer da vida muito cedo”, contou, ao recordar do primeiro disco que ouviu, de 78 rotações e duração de três minutos, aos 13 anos. “Fiz a reflexão: um dia, vou trabalhar nisso”, teria dito. O que se seguiu foi uma história de determinação, riscos e, claro, paixão. “Quando a gente quer, imediatamente a gente tem. O problema é querer o bastante”, comentou, desafiador.

Após atuar na França, onde vivia, resolveu embarcar para a América, rumo à Argentina, mas a vista encantadora da Baía de Guanabara mudou os planos. Procurou a gravadora Odeon e, como não falava português, as secretárias da empresa o levaram diretamente ao diretor. Pronto, três dias depois iniciava o trabalho e constatava: não se fazia música brasileira para a juventude brasileira naquela época. Foi aí que se seguiu uma carreira brilhante, identificando potenciais, trabalhando artistas e propondo novidades.

Fomentou o surgimento da bossa nova, tropicália, rock. Nara Leão, Gilberto Gil, Raul Seixas, Elis Regina, para apenas mencionar alguns. “Se a gente quer alguma coisa, como eu queria ser executivo de discos, a gente tem que fazer coisas que ninguém faz ou fez antes. Repetir as coisas não leva a nada”, aconselhou. De acordo com ele, os três exemplos dos movimentos brasileiros vêm ilustrar e dar confiança aos estudantes que começam a carreira.

Experiência
O convidado falou ainda sobre o entendimento entre o líder criativo e o tecnocrata, a forma como lidava com as vaidades do meio artístico, feeling musical, o jabá – “sempre existiu e lutei contra” - e o futuro, ainda por ser descortinado. “A música vai continuar, mas nem suspeitamos ou imaginamos aonde a revolução tecnológica vai nos levar. Eu tenho 80 anos, vocês é que vão pensar nisso”, lançou aos estudantes.

O produtor disse que prefere não usar o termo “humildade”, mas o fato é que ela esteve presente em toda sua fala. Ao comentar sobre seu legado, ele disse acreditar que é reconhecido hoje porque as pessoas precisam de ídolos. “Por um destino, passei a ser essa figura emblemática. Tive o privilégio de sempre ter escolhido pessoas das quais posso me orgulhar e agradecer”, afirmou.

A seguir ocorreu um verdadeiro um bate-papo com os acadêmicos. Midani, celebridade assim como as estrelas que produziu, foi aplaudido de pé, tirou fotos, autografou e conversou com os estudantes após a palestra. Para o presidente do Diretório Acadêmico do curso, Fábio Galindo, a presença de Midani plantou uma semente de inovação nos acadêmicos. “Que enquanto produtor a gente possa quebrar barreiras e de repente criar novos caminhos. Estamos em um local estratégico para a reflexão, ideias e contatos: a Universidade. Acho que todo mundo aqui saiu transformado”.

Após a atividade, o reitor da UCPel, José Carlos Bachettini Júnior, recebeu o ilustre palestrante. “É um pessoal inteligente. Foi muito bom. Estou contente por estar aqui”, comentou Midani, que estava pela primeira vez em Pelotas.
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