A Universidade Católica de Pelotas (UCPel) convida para a aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos (PPGPSDH) na próxima terça-feira (27). A antropóloga costarricense e professora da Rice University, Texas (EUA), Andrea Ballestero, falará sobre o futuro da água na América Latina e no Brasil. A atividade ocorrerá às 19h com transmissão pela página do PPG no Facebook.
Andrea possui um trabalho muito consistente nessa temática há quase duas décadas. Recentemente, lançou o livro A Future History of Water que traz para o debate inúmeras questões sobre a problemática do acesso à água, especialmente sobre as constantes distinções entre a água como um direito fundamental e a água como uma mercadoria.
Conforme a coordenadora do PPGPSDH, professora Aline Mendonça, a transformação da água em commodity, a necessidade de seu reconhecimento como um direito fundamental serão abordados no evento. Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), aproximadamente 35 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada no Brasil.
Integrante da mesa de debates, o pesquisador de pós-doutorado no PPGPSDH, Aleksander Antunes, chama a atenção para o (neo) extrativismo hídrico, um sinal dos tempos neoliberais na América Latina. “E o atual momento pandêmico reforçou a importância da água para a vida, do seu acesso público para a saúde”, avalia.
O pós-doutorando ainda destaca que a expropriação de bens comuns, que atualmente sofre grande pressão governamental e empresarial no Brasil, também tem gerado uma ‘resistência verde’. “Entre os bens comuns ameaçados, a pandemia destacou dramaticamente o problema da água potável como um recurso vital. O apelo à concretização de uma medida tão básica como a ‘lavagem constante das mãos’ entra em contradição com as dificuldades de acesso e qualidade do líquido vital entre os setores majoritários da população”, diz.
Andrea tem se dedicado a pesquisar os embaraços éticos e técnicos pelos quais os especialistas entendem a água na América Latina. Em seu primeiro livro, A Future History of Water, questiona sobre como a diferença entre um direito humano e uma mercadoria é produzida em espaços regulatórios e de governança.
Atualmente, trabalha em um projeto de pesquisa que explora como o espaço subterrâneo é “redescoberto” por meio de sensoriamento remoto e tecnologias legais. Há dez anos dirige o Ethnography Studio, um espaço experimental interdisciplinar que reúne estudantes interessados nas peculiaridades da etnografia como forma textual, como estratégia de pesquisa e como modalidade de produção de conhecimento.
O currículo completo da antropóloga pode ser acessado aqui.
Redação: Rita Wicth - MTB 14101