Escrevi por ocasião do Dia das Mães, no mês de maio passado, o artigo ‘Olhando as nossas Reginas’”. Agora, celebrando o Dia dos Pais, segundo domingo de agosto, quero também lançar um olhar para os nossos pais. Olho para o meu “Antônio” – nome do meu pai já falecido há 36 anos, dois meses após a minha mãe “Regina”. O convite é que cada um olhe para o seu “Antônio”, com o nome que cada um dos respectivos pais possui.
Como olhar para o meu “Antônio”? Como olhar para os nossos "Antônios"? O Papa Francisco nos ajuda nesse olhar. Conclamou para este ano de 2021 a vivermos o Ano de São José. Ele, natural de Belém, carpinteiro de profissão e esposo de Maria de Nazaré, foi escolhido por Deus para cuidar como pai o próprio Filho de Deus. Ao conclamar o Ano de São José, Papa Francisco escreveu a esplêndida Carta Apostólica Patris Corde – “Com o Coração do Pai”. Assim, quero olhar para o meu “Antônio” e nós olharmos para os nossos “Antônios” seguindo as sete facetas do pai São José, apresentadas pelo Papa Francisco e por mim aplicadas aos nossos “Antônios”.
Primeira faceta: São José – “Um amado pai”. Deus, sem exclusividade, projeta-se como Pai-amor nos nossos pais. Ser pai é gerar, acompanhar e cuidar da vida dos filhos por amor e com amor. Obrigado “Antônio” e “Antônios” pelo amor dedicado a nós; obrigado por projetarem o amor Deus-Pai!
Segunda faceta: São José – “Pai na ternura”. Em meio a tantas tempestades que afligem as nossas vidas, temos sempre a ternura dos nossos pais nos acompanhando. Essa ternura nos dá uma segurança sólida: temos em que depositar confiança. Obrigado “Antônio” e “Antônios” pela ternura com que cuidam de nós; obrigado por projetarem a ternura de Deus-Pai!
Terceira faceta: São José – “Pai na obediência”. Nossos pais são aqueles que em todas as circunstâncias de sua vida devem saber pronunciar seu fiat – “faça-se”. Para cuidar dos seus, eles primeiro obedecem para depois serem obedecidos. Obrigado “Antônio” e “Antônios” pela obediência vivida e testemunhada para nós; obrigado por projetarem obedientemente a vontade de Deus-Pai!
Quarta faceta: São José – “Pai no acolhimento”. Muitas vezes os nossos pais “deixam de lado os seus raciocínios, para dar lugar aos acontecimentos, e por mais misteriosos que possam aparecer a seus olhos, eles os acolhem e assumem suas responsabilidades, reconciliando-se com a própria história” (n. 4 Patris Corde). Obrigado “Antônio” e “Antônios” pelo acolhimento da sua e nossa história; obrigado por projetarem a eterna acolhida de Deus-Pai!
Quinta faceta: São José – “Pai com coragem criativa”. Por serem cuidadores da vida, com quanta coragem criativa e criatividade corajosa os nossos pais precisam estar imbuídos. Sempre “precisam saber transformar os problemas em novas oportunidades” (n. 5 Patris Corde). Obrigado “Antônio” e “Antônios” pela coragem criativa com que nos introduzem na vida; obrigado por projetarem a sempre plena coragem criativa de Deus-Pai!
Sexta faceta: São José – “Pai trabalhador”. Os nossos pais não tem como conjugar suas vidas com a inércia. O trabalho se torna para eles “participação da própria obra de Deus no cuidado da vida dos seus” (n. 6 Patris Corde). Fica uma interrogação: Como entender os pais que são excluídos do trabalho? Obrigado “Antônio” e “Antônios” pelo exemplo de trabalhadores; obrigado por projetaram o eterno trabalhador Deus-Pai!
Sétima faceta: São José – “Pai na sombra”. Os nossos pais sabem que sua missão é “introduzirem os filhos na experiência da vida, na realidade. Não significa segurar, prender ou subjugar o filho, mas torná-lo capaz de opções, de liberdade, de partir” (n. 7 Patris Corde). Realizam essa missão, ficando na sombra. Obrigado “Antônio” e “Antônios” pela capacidade de nos introduzirem na vida ficando na sombra; obrigado por projetarem a sombra de Deus-Pai.
Feliz Dia dos Pais! Com unção olhamos para vós e vemos em vós a “sombra de Deus-Pai”!
Dom Jacinto Bergmann, Arcebispo Metropolitano da Igreja Católica de Pelotas.