A discussão é bastante propícia para o atual momento da educação regional. Enquanto a comunidade escolar se adapta à adoção dos nove anos no Ensino Fundamental, a aluna do curso de Especialização em Psicopedagogia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) Mônica Corrêa de Borba teve a idéia de basear seu trabalho de conclusão na temática “Psicomotricidade e Alfabetização: Corpo que sente, corpo que ensina, corpo que fala”. O estudo tem como principal objetivo esclarecer a importância corporal na aprendizagem e se encaixa perfeitamente na busca de novos métodos para alfabetizar estudantes com idades menores que as costumeiramente vistas na primeira série tradicional.
Mônica é pedagoga e professora da rede municipal há cinco anos. Atualmente, ela trabalha como supervisora de ensino nas séries iniciais pela Secretaria Municipal de Educação (SME). Para elaboração do trabalho, foram acompanhados, durante três meses, 25 alunos com idade média de seis anos na Escola Estadual de Ensino Fundamental José Brusque Filho. Conceitos de atenção, concentração, equilíbrio e lateralidade (que dá a resposta à velha dúvida sobre qual lado corresponde à direita ou à esquerda) desenvolvidos em momentos direcionados, práticos e lúdicos, deram resultados imediatos. “Os alunos que eram mais tímidos e introspectivos, tiveram sua criatividade aumentada, além de uma visível melhora no repertório corporal e parte emocional”, explicou Mônica.
Para ela, uma das conclusões mais importantes a que chegou – de que a alfabetização extrapola os limites do ler e escrever - justifica a intenção do estudo. “No meu trabalho levanto a questão de que o aluno prestes a ser ensinado não é apenas uma cabeça; é um ‘serzinho’ inteiro que está ali. Se não há uma aula viva e mágica, com respeito à faixa etária, não há aprendizado nem significado”, disse. “As crianças têm uma alegria natural que, muitas vezes, é desestruturada pelas escolas que exigem que elas fiquem sentadas o tempo todo. Espero que esta experiência estimule a integração de disciplinas como Educação Artística e Educação Física, que levam a pensar no espaço fundamental da corporeidade na alfabetização”.
Aprendizagem também para professores
Mônica considerou o período de especialização como um grande aliado na abertura de seus próprios horizontes para novos métodos de ensino, uma vez que também vê a constante atualização do professor como fator importante no processo. “Tem de se buscar esta adaptação, até porque o tempo da graduação em Pedagogia não permite que se entre a fundo em alternativas de ensinar que ultrapassam o que é utilizado normalmente”, opinou.
O curso de Especialização em Psicopedagogia é vinculado às graduações de Pedagogia e Psicologia da Universidade. Mais informações sobre a especialização podem ser obtidas pelo telefone 2128.8262.

Mônica de Borba, idealizadora do trabalho