O processo de aquisição da fala para crianças com dificuldade de aprendizagem foi o pano de fundo da tese desenvolvida por Cristiane Lazzarotto Volcão, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), na área de Linguística Aplicada. Cristiane é a primeira aluna do curso a fazer Doutorado-Sanduíche, sistema que permite completar no exterior a pós-graduação iniciada no Brasil. Fora do país, a instituição escolhida foi a Universidade de Lisboa, em Portugal. O curso foi feito com bolsa concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A doutoranda, que também é fonoaudióloga, explicou que a tese resultante de sua pós-graduação analisa as dificuldades que crianças com algum tipo de desvio têm em relação a crianças sem dificuldades. E não somente isto. A partir desta problemática, Cristiane apresenta em seu trabalho uma técnica que pode diminuir o tempo de tratamento destes pacientes de um ano para seis meses: a sugestão consiste em ligar o trabalho da fonoaudiologia à linguistica e pode ser aplicada à aquisição da fala não apenas nas línguas portuguesas faladas no Brasil ou em Portugal, mas em qualquer idioma.
A tese de Cristiane será defendida no segundo semestre de 2009. Contudo, a experiência vivenciada entre janeiro e março desse ano, tempo em que esteve em Lisboa, serviu para mostrar que o tema discutido por ela deve ter boa aceitação não só no meio acadêmico, mas, também, na comunidade em geral. “Embora a fonoaudiologia seja mais explorada na área privada, num futuro próximo, aliar o serviço à linguística pode ser muito útil também para a saúde pública”, completou.
Aprendendo e ensinando
O trabalho fez sucesso lá fora. Tanto que Cristiane foi convidada a ministrar aos pós-graduandos um workshop sobre o assunto. “Fiquei bem impressionada com o valor que os portugueses dão ao que se faz no Brasil em termos de pesquisa na área de fonologia e linguística. Cheguei a ouvir pessoas dizerem que, neste aspecto, eles é que são os colonizados, porque estamos muito mais à frente”, relatou a doutoranda, que em Portugal foi acompanhada pela professora doutora Maria João Freitas e, no Brasil, conta com a orientação da professora doutora Carmen Matzenauer.