Ações solidárias seguem imperando durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A Usina Feminista, assessorada pelo Núcleo de Economia Solidária e Incubação de Cooperativas da Universidade Católica de Pelotas (NESIC/UCPel), está arrecadando materiais para confecção de máscaras. A cada kit de máscara vendido pelas trabalhadoras, outro será doado para comunidades periféricas de Pelotas.
Com a recomendação de isolamento, a produção da Usina Feminista foi inicialmente suspensa e depois retomada em novo formato, respeitando as normas de distanciamento social e higienização. As trabalhadoras se reaproximaram do processo produtivo e redirecionaram a produção para a confecção de máscaras. “Nosso trabalho garante a manutenção do projeto e das integrantes além de contribuir para frear o avanço da pandemia em comunidades que dificilmente teriam acesso a itens de proteção como esses”, ressalta a integrante Bruna Oliveira ao explicar que o repasse das doações será realizado através do vínculo do grupo com movimentos sociais que articulam distribuição de mantimentos junto à periferia da cidade.
As máscaras são confeccionadas em tamanhos diferenciados para crianças e adultos, cobrindo o rosto de forma adequada e confortável. São feitas com material lavável, reutilizável, de fácil higienização e durabilidade satisfatória, camadas triplas de tecido não elástico de composição mínima de 65% de algodão, pregas duplas, sem costura frontal, bordados ou aplicações que possam comprometer a capacidade de barreira de proteção.
Estão sendo arrecadados tecido 100% algodão, TNT, linha e elásticos que podem ser entregues na portaria do Campus Santa Margarida da UCPel, localizado na rua Padre Anchieta, 1.274. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (53) 98127-0667 das 14h às 18h. De acordo com o grupo, a produção atual, voltada para a prevenção do novo coronavírus, está diretamente relacionada ao propósito do projeto.
A Usina Feminista surgiu no início do ano de 2019 com diversas reuniões de um pequeno grupo de mulheres empenhadas em atuar de forma direta no combate às situações de violência contra as mulheres e precariedade cotidiana. O início dos trabalhos práticos ocorreu em outubro com a oferta de cursos de corte e costura e o primeiro módulo voltado para reformas, já que pequenos consertos como fazer uma bainha, diminuir ou aumentar uma calça, virar a gola de um casaco são formas eficientes de geração de renda rápida e imediata.
“Para combater desigualdade de gênero, é imprescindível que se fale sobre sustento, trabalho e autonomia financeira, ou seja, sobre a estrutura do cotidiano das mulheres submetidas a todos os tipos de violências. Torna-se muito mais difícil uma mulher em situações de vulnerabilidade social parar para refletir questões de gênero, por exemplo. Comer, pagar as contas, manter os filhos na escola, conseguir remédio para os idosos da família estão no topo da lista de suas prioridades”, contextualiza a integrante Tamires Dias ao concluir que a manutenção imediata de subsistência dessas mulheres contribui para que se perpetuem situações de violência. “Compreendendo essas diferentes realidades e, principalmente, as mulheres desempregadas e em trabalhos precarizados é que a Usina foi gestada e parida”, finaliza.
As trabalhadoras utilizam espaço compartilhado do Núcleo de Produção, que está localizado na UCPel, e recebem assessoramento do Nesic. “O projeto, além da geração de trabalho e renda para as mulheres que o integram, cria oportunidades para que outras mulheres possam garantir a sua subsistência. Nesse momento de pandemia, essas trabalhadoras buscaram informações para fornecer um produto de qualidade, atendendo requisitos técnicos e gerando ainda cuidado afetivo com as doações. Entendemos a relevância do trabalho destas mulheres e prestamos todo apoio que estiver ao nosso alcance”, afirma a técnica do NESIC, Solaine Gotardo.
Redação: Mariana Santos