Foto: Secom/Prefeitura de Pelotas
A Universidade Católica de Pelotas (UCPel), por meio do Programa de Extensão Maquetaria Digital, em parceria com a Prefeitura de Pelotas, prepara uma intervenção artística inédita no Casarão Seis, da Praça Coronel Pedro Osório. A ação faz parte da programação do Dia do Patrimônio 2025, que será entre os dias 15 e 17 de agosto, e tem como objetivo sensibilizar a população sobre a importância da preservação do patrimônio.
O foco da intervenção é a recriação dos mascarões, esculturas ornamentais de rostos humanos e de animais, que decoram o gradil do acesso do edifício e que teve 54 unidades furtadas em 2021. Com o uso de tecnologias de impressão 3D, serão instalados alguns dos ornamentos que foram suprimidos, feitos em ácido polilático (PLA) branco, um material biodegradável, reforçando o compromisso do projeto também com a sustentabilidade.
A iniciativa é coordenada pela professora Fernanda Tomiello, do curso de Arquitetura e Urbanismo da UCPel, que destaca o valor simbólico e pedagógico da ação. “Além de resgatar parte da memória do Casarão Seis, queremos provocar o olhar do público para a importância da preservação dos elementos arquitetônicos que contam a história de Pelotas”, afirma.
Esta é uma ação caracterizada como educação patrimonial. “Temos essa tradição no Núcleo de Extensão do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UCPel, de buscar maneiras de fazer com que o conhecimento produzido na universidade se torne acessível para a comunidade em geral. É algo que estamos sempre buscando”, indica a coordenadora.

O projeto nasceu a partir de uma reportagem que abordava o desaparecimento dos mascarões originais. A matéria despertou o interesse da professora Fernanda, que enxergou na tecnologia digital uma forma viável de reconstrução. “A notícia nos mobilizou. Decidimos que era possível e necessário intervir de forma simbólica, mas impactante”, explica a coordenadora.
A Maquetaria Digital, programa de extensão da UCPel, é voltada à aplicação de tecnologias de modelagem tridimensional e impressão 3D em projetos acadêmicos e comunitários. O trabalho com os mascarões envolve alunos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, a partir do quarto semestre, promovendo uma experiência prática e multidisciplinar.
O Dia do Patrimônio é um evento que busca valorizar o patrimônio material e imaterial da cidade. Durante os três dias, prédios históricos são abertos à visitação pública com atividades culturais e exposições. A recriação dos mascarões será um dos destaques deste ano, chamando a atenção, tanto pelo aspecto estético, quanto pelo uso inovador da tecnologia a serviço da memória coletiva.
Após o final das celebrações, alguns exemplares ficarão expostos na Maquetaria do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UCPel, outros serão doados para a Secretaria de Cultura do Município e algumas peças serão sorteadas a visitantes que compartilharem fotos da ação e marcarem as redes sociais da UCPel, da @maquetaria.digital e do @praticas.patrimoniais
Segundo Fernanda, a escolha do filamento PLA foi intencional, pelo baixo custo e facilidade de imprimir, além de ser um material biodegradável. “Sabemos que o PLA tem baixa durabilidade quando exposto a intempéries e pode deformar com o calor. Ainda que isso não seja um problema para uma intervenção de poucos dias no período do inverno, será necessário buscar outras alternativas para contextos mais exigentes”, completou.
Residência de Leopoldo Antunes Maciel, o Barão de São Luís, a Casa Seis foi construída em 1879 pelo arquiteto italiano José Isella. Atualmente o casarão é tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
A ação conjunta entre universidade e poder público exemplifica como o ensino superior pode contribuir de maneira concreta para a preservação da identidade local. “Esperamos, com a ação, aproximar a universidade e a comunidade e sensibilizar as pessoas para o problema dos furtos e deterioração do nosso patrimônio, de uma maneira instigante e curiosa. Já pensamos em outras possibilidades e vamos estudar o impacto dessa primeira ação para avaliar a pertinência de continuidade e de outras ações semelhantes”, finaliza a professora Fernanda.
Com essa iniciativa, a UCPel reafirma seu compromisso com a comunidade, a educação patrimonial e o uso responsável da tecnologia para o bem coletivo.
Redação: Lucas Pereira