Um novo projeto de extensão do curso de Odontologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) oportuniza assistência odontológica a pacientes hospitalizados. Coordenadas pelo professor Guilherme Antonello, as ações oferecem melhor qualidade de vida aos internados e ampliam o campo de atuação dos futuros cirurgiões-dentistas.
Os benefícios gerados por intervenções odontológicas em âmbito hospitalar foram os motivadores para a criação do projeto, intitulado Atenção Odontológica a Pacientes Hospitalizados. Inicialmente, os seis acadêmicos envolvidos na atividade estão atuando na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário São Francisco de Paula (UTI/HUSFP), onde foi identificada maior carência.
Nessa primeira fase, os alunos avaliam os pacientes, coletam dados e reconhecem o campo de atuação. Conforme explica o professor, por ser um projeto de extensão, a atividade prevê também o desenvolvimento de pesquisas. Por meio das informações obtidas, será possível identificar a situação dos pacientes antes e depois das ações. “No próximo semestre começaremos as intervenções, com instruções de higiene extrações, limpezas, raspagens e outros. E, assim, poderemos comparar as condições”, conta o professor.
De acordo com Antonello, inúmeros estudos comprovam os benefícios da prática, recomendada inclusive pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). Segundo ele, os atendimentos odontológicos em pacientes internados, tanto em UTI como em clínica médica, propiciam melhora na qualidade de vida, diminuindo a comorbidade (existência de duas ou mais doenças em simultâneo) e, consequentemente, o tempo de internação. Tais benefícios, conforme destaca o professor, geram impacto social e redução de custos para o Estado.
Diferente de tudo que estudaram até o momento, as acadêmicas participantes do projeto veem a oportunidade como algo único na formação. Além de agregar conhecimentos, a prática ampliará, futuramente, o campo de atuação. Segundo Mayara Blota, do 8º semestre, poucas universidades oferecem essa experiência e saber como um cirurgião-dentista atua no âmbito hospitalar pode ser um diferencial no futuro. “Acho que há uma tendência de expansão no mercado da odontologia e nós já teremos esse conhecimento prévio, o que pode contribuir na busca por trabalho”, opina ela.
Já para a acadêmica Luisa Chagas, também do 8º semestre, além de aprender como é o manejo com esses pacientes, o aprendizado excede a formação profissional, isso porque possibilita o convívio, quase que diário, com essas pessoas. “Percebemos que eles precisam bastante do nosso atendimento e é uma experiência maravilhosa saber o que eles passam e conseguir ajudar de alguma forma”, destaca.
A experiência é nova tanto para os acadêmicos como para a equipe de saúde que atende no local. A técnica em enfermagem do HUSFP, Natalia Oliveira, conta que já é possível perceber a diferença na higiene oral dos pacientes. Conforme explica, esse cuidado é extremamente importante, visto que a boca pode ser uma porta de entrada de inúmeras infecções. Como exemplo, ela cita a cárie. “O paciente, intubado ou não, engole bactérias e isso pode resultar em pneumonia ou em outros males”, explica Natália.
Atualmente, o projeto conta com seis acadêmicas. A previsão é de que no próximo semestre seja aberto edital de seleção para ampliar esse número, uma vez que a demanda é grande e as ações contemplarão todas as dependências do hospital. Além de Antonello, os professores Lucas Moura e Giovani Gomes participam da atividade. “Esses alunos terão a oportunidade de olhar a profissão além do consultório”, complementa o coordenador da ação.
Redação: Manuelle Motta