A busca pela constante qualificação do ensino prático nas disciplinas de anatomia estimulou a Universidade Católica de Pelotas (UCPel) a criar o Programa de Doação de Corpos para o Ensino e Pesquisa em Anatomia. O objetivo do projeto é sensibilizar a comunidade sobre o gesto e normatizar a autodoação dentro da instituição.
Anualmente, cerca de 300 acadêmicos dos cursos de Medicina, Odontologia, Enfermagem, Fisioterapia, Farmácia e Psicologia passam pelo Laboratório de Morfologia. Nas aulas, os alunos têm a oportunidade de estudar as estruturas dos seres humanos através da dissecação – separação das partes - dos cadáveres, quando é possível ter contato com órgãos, membros e demais partes do corpo.
Com o manuseio nas aulas, os cadáveres perdem a qualidade para estudo, o que dificulta a visualização necessária por parte dos estudantes. De acordo com a supervisora da Central de Laboratórios da UCPel, Rosimeri Corrêa de Souza, o ideal seria renovar o acervo a cada cinco anos. “A partir de agora usaremos glicerina e não mais formol para fixação”. Segundo ela, além de todos os benefícios ambientais, a glicerina mantém a coloração real das peças e proporciona uma textura mais acessível para o manuseio.
Rosimere ainda destaca que, mesmo diante de toda a tecnologia disponível atualmente, o contato com o corpo ainda é insubstituível para o aprendizado, visto que dessa forma o aluno pode sentir a textura real e verificar as possíveis diferenças entre as pessoas. Porém, diante da dificuldade em obter peças biológicas, são usados modelos confeccionados em resina ou cerâmica para agilizar o trabalho prático das disciplinas.
Por ser um assunto delicado, a supervisora explica que o programa recentemente instituído na UCPel prevê todas as etapas do processo, visando facilitar o entendimento por parte dos interessados e familiares. Mesmo sendo uma autodoação, é preciso que a família esteja de acordo e ciente da decisão. O gesto é classificado por ela como uma missão após a morte. “Com a doação, a pessoa está decidindo servir a humanidade mesmo depois de morrer”.
Neste ano, o laboratório já recebeu duas intenções de doação. Interessados em conhecer mais do projeto devem procurar o Programa de Doação de Corpos, na Central de Laboratórios, localizada na rua Gonçalves Chaves, 373, sala 303C. Para manifestar o desejo da autodoação é preciso comunicar a família, preencher a documentação disponível no laboratório, registrar em cartório e apresentar duas testemunhas.
Redação: Manuelle Motta