As sete meninas órfãs da região do Pântano que comoveram parte da cidade de Pelotas já estão de nova moradia, graças a um projeto de habitação popular desenvolvido pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel). A entrega da casa traz novas perspectivas para os moradores do local devido à parceria entre o egresso da UCPel e idealizador da tecnologia da casa palete, arquiteto Cassius Baumgarten, e a Sociedade Espírita Assistencial Dona Conceição, que conversam sobre a possibilidade de implantar no local um loteamento-piloto de requalificação da região.
O projeto idealizado por Cassius nasceu devido às suas vivências em atividades de extensão da UCPel. Unindo materiais simples como palete, pregos, caixas tetra pak, garrafas pet, pneus e óleo automotivo usado para tratamento da madeira, Cassius, juntamente aos professores Noé Vega de Mello e Joseane Almeida desenvolveram a tecnologia de uma moradia digna de baixíssimo custo e sustentável.
Além dos pontos positivos citados acima, o principal mérito do projeto está na transferência da tecnologia para a comunidade, que é a responsável pela construção. “A tecnologia deve ser pensada na Universidade e transmitida para comunidade se apropriar dela”, diz o professor Mello, que entende como dever da universidade pensar a habitação como uma problemática grave e que precisa ser resolvida.
O egresso da UCPel lembra que a ideia inicial do projeto nasceu com a experiência de extensão vivenciada no bairro Dunas, local que também recebeu uma peça construída com paletes. Outro fator determinante para sensibilizar Cassius em relação às problemáticas sociais foi a disciplina de Habitação Social. “Ao visitar o bairro Dunas fiquei impressionado com as condições de moradia da região. Quando saí de lá pensei em formas de poder contribuir para melhorar a vida dos moradores”, lembra.
Casa das sete meninas
O projeto idealizado por Cassius encontrou espaço na região do Pântano, para alegrar e melhorar as condições de vida de sete meninas órfãs. Contando com o apoio da comunidade - que ajudou a construir e doou os materiais - e da Sociedade Espírita Assistencial Dona Conceição, local que recebe as meninas no turno inverso ao da escola, a casa conseguiu sair do papel.
A moradia levou dois anos para ficar pronta. A construção geralmente ocorria somente aos sábados, mas desde o início provocou diversos sonhos nas pequenas moradoras, que agora dormem em camas individuais. O sorriso feliz das meninas ao receber visitas no espaço de 47m² divididos em cozinha/sala, quarto e banheiro, é dividido com quem lá chega.
Para Taís Duarte, de 15 anos, o banheiro foi a peça mais apreciada. Já para Mariana Duarte, de dez anos, o novo espaço propicia qualidade para os estudos e brincadeiras com as amigas. E todas são unânimes em destacar a sua cama como um dos melhores locais da casa. Antes da construção da moradia, nos fundos do terreno da avó, as meninas viviam em um espaço bem menor junto com outros familiares.
Para construção da casa, foram utilizados 130 paletes para a montagem de 22 módulos, 72 garrafas pet que serviram para construir as janelas e o sistema elétrico, 88 pneus para a fundação, 880 caixas de tetra pak para isolamento térmico dos módulos, 1,5 mil caixas de tetra pak para a cobertura e 80 litros de óleo automotivo para tratamento da madeira. Para a construção do banheiro foram gastos cerca de R$ 5 mil.
Vestibular
O curso de Arquitetura e Urbanismo é uma das graduações oferecidas no Vestibular de Inverno da UCPel. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo
site do Vestibular. A prova ocorre no dia 08 de julho.