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Tradições pelotenses em Telas Pintadas para Bordar
25.06.2010 | 17:24
Tradições pelotenses em Telas Pintadas para Bordar
Uma história tecida há quase 198 anos foi composta por tramados que estarão retratados na Galeria de Arte da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Locais históricos e elementos marcantes da cultura pelotense entram em evidência na exposição “Telas de Tapeçaria Pintadas para Bordar”, de Túlio Oliver. As obras estarão em exposição de 28 de junho a 16 de julho, coincidindo com a data de aniversário de Pelotas, comemorada em 07 de julho. Em paralelo, o artista realizará uma oficina de tapeçaria bordada.

Umas concluídas, outras apenas iniciadas, outras por começar. Assim estarão as peças em exposição. O objetivo é instigar o público a lançar um olhar sobre a obra e, porque não, sentir-se impelido a completar o que falta. “Vai haver uma série de ideias quando as pessoas olharem essas telas”, apostou o artista.

“Pintando e bordando”, em sentido figurativo e também literal, o bem-humorado Túlio Oliver traz a torre do Grande Hotel, a Fonte das Nereidas e medalhões inspirados nas antigas pinturas do Theatro Guarany. Também em evidência, surgem a antiga Igreja da Luz, flores, cuja inspiração vem das guirlandas da Catedral São Francisco de Paula, e o próprio São Francisco, padroeiro do município, bordado em estilo bizantino, com fios de ouro e prata. “É a minha homenagem à cidade”, disse.

Todas as obras são criadas para serem bordadas nos pontos pelotenses – reunidos em uma pesquisa de 20 anos -, resultando em novas técnicas e maneiras de bordar tapeçaria.

A proposta de trazer telas inacabadas é um convite ao público. “O bordado é um artesanato relaxante, confortante e alvissareiro. O mundo hoje borda como nunca”, salientou.

Oficina
De 05 a 09 de julho, Túlio Oliver ministrará a oficina “Tapeçaria Bordada”, na UCPel. Durante a atividade, o artista ensinará o ponto de nó gaúcho, criado por ele, mais outros dois de sua autoria, e outros. As inscrições podem ser feitas na secretaria da Pró-Reitoria Acadêmica da Católica, pelos telefones (53)2128-8262 ou 2128-8012. As aulas serão ministradas na sala 206 B, no Campus I, das 14h às 16h. O investimento é de R$ 60,00, valor destinado à compra dos kits com o material a ser utilizado na oficina.

Dedicação à arte
Filho de portugueses, Túlio Oliver nasceu em Pelotas. Desde cedo, foi atraído pelos materiais que hoje são parte essencial de seu dia-a-dia: fios de lã e linha, cores e lápis que usava para arriscar desenhos traçados nos móveis da casa, quando criança. Até mesmo pregos serviam para o garoto entalhar madeira em suas experimentações.
Suas grandes inspirações foram Benette Casaretto, pintora de flores - e, segundo o artista, a melhor aluna de Aldo Locatelli - Nesmaro, pintor uruguaio, Adail Bento Costa e Luiz Notari.

Na juventude, sentiu despertar a vocação religiosa, e entrou no Seminário, em Montenegro. Mas a arte falou mais alto, e Oliver foi morar em Salvador, na Bahia, onde passou 13 anos. “Lá me descobri como pessoa e conheci artistas maravilhosos”, destacou o artista, que atuou como pintor de rua: pegava o cavalete e ia para a via pública retratar o casario baiano. Depois o mar. E rendeu-se ao universo da tapeçaria pintada para bordar.

Voltou a Pelotas para férias. “Faz mais de 30 anos que estou ‘de férias’ aqui”, diverte-se o artista. Atuou como pintor e cenógrafo de balé clássico. No fim da década de 90, em Porto Alegre, foi responsável pelo cenário do balé “O Quebra Nozes”. O trabalho rendeu a Túlio Oliver o Troféu Açorianos de 1997 como Melhor Cenografia para Balé Clássico do estado.

O artista plástico autodidata hoje atua também como restaurador e “santeiro”, ou seja, criador de imagens de santos. “Sou um herói brasileiro. Vivo da arte”, arrematou.
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