Um dos momentos mais difíceis na vida de uma mãe chega quando é necessário deixar seu filho pela primeira vez na creche. A separação – muitas vezes prematura – pode originar uma série de pensamentos negativos como insegurança, culpa, medo, ansiedade. Um estudo proposto pela acadêmica do curso de Psicologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Simone Duarte, está analisando parte dos sentimentos de mães que tiveram que deixar seus bebês de até cinco meses em creches na cidade de Pelotas.
Por meio de entrevistas organizadas em três etapas, tendo cada uma delas duração de, aproximadamente, uma hora, duas mães foram selecionadas para participar da pesquisa. No primeiro encontro, o objetivo principal foi o de conhecer a história de vida da participante. No segundo, o foco foi a reconstrução da experiência de deixar o bebê na creche e o terceiro, refletir sobre o significado da experiência fazendo conexões emocionais e racionais.
O trabalho ainda está na etapa de análise e interpretação dos dados, mas, de acordo com a acadêmica, já é possível perceber que para as duas mães o processo de separação foi muito dolorido. “Às vezes essa separação ocorre precocemente devido à necessidade da mãe voltar para a sua atividade profissional”, comenta. Segundo ela, a forma como essa separação é conduzida pode ajudar a amenizar sensações negativas.
E nesse processo, o período de adaptação na escola tem papel fundamental. “O momento ideal da separação é quando a mãe passa a se sentir segura”, explica. Para isso, o contato maior com professores que ficarão responsáveis pela criança também é importante, pois o vínculo entre pais e cuidadores substitutos é responsável por possibilitar a presença de sentimentos ligados à tranquilidade e segurança.
Outro ponto importante citado pela acadêmica nesse processo de adaptação é o distanciamento da mãe, que deve iniciar aos poucos e ser aumentado progressivamente. “Uma das entrevistadas relatou que a creche a conduziu para outro espaço distante do seu bebê”, conta. Se a abordagem da creche tivesse sido diferente talvez a mãe pudesse se sentir menos ansiosa, avalia a acadêmica.
O papel do psicólogo
Para a acadêmica, é importante pensar no papel do psicólogo dentro da escola, para planejar o acolhimento e outras formas de conduzir esse processo de adaptação. O profissional de Psicologia ainda pode orientar profissionais da Educação sobre a importância da construção do vínculo escola/criança/pais. “Essa relação de confiança vai influenciar de forma significativa os sentimentos das mães na separação”, explica.
Análise de dados
A análise dos dados obtidos através da Pesquisa Fenomenológica Hermenêutica de abordagem qualitativa ainda está em andamento. As narrativas das mães estão sendo reduzidas na busca de unidades de significado, de onde emergirá a essência da experiência vivida pelas mães.
Os dados completos do trabalho poderão ser conhecidos no dia 10 de dezembro, quando será apresentado à banca de avaliação da acadêmica.