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Relações e sentimentos ligados ao Facebook viram estudo na UCPel
18.09.2013 | 10:46 | #psicologia
Relações e sentimentos ligados ao Facebook viram estudo na UCPel
O Brasil é o local onde o uso do Facebook mais cresce, segundo dados da Consultoria Social Bakers de 2012. No total, são quase 65 milhões de usuários no país, que de alguma forma estão tendo suas vidas influenciadas pelo uso da rede. Para fazer um recorte sobre como o Facebook pode influenciar relacionamentos amorosos ou ainda gerar relações de dependência e ansiedade, dois trabalhos desenvolvidos pelo curso de Psicologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) apresentam um panorama geral do uso da rede entre o público universitário de duas instituições de ensino de Pelotas.

Para a realização da pesquisa, as psicólogas recém-formadas Márcia Milech e Clarice Nunes, orientadas pelo professor Tiago Munhoz, utilizaram a mesma amostra de universitários para coleta de dados, mas com variáveis diferentes. Os estudos de ambas contribuem para reafirmar a existência de taxas mais elevadas de dependência do uso do Facebook ligadas a transtornos ansiosos, assim como considerável prevalência de pessoas que sentem ciúmes do perfil do companheiro. 

O trabalho de conclusão de curso da psicóloga Clarice apontou que 40% do público participante da pesquisa relatou considerar as conversas online de seus parceiros como traição. Outros dados significativos apontados pelos resultados do trabalho foram que 29% afirmaram sentir ciúmes do Facebook do companheiro, sendo que 10% considerou que a rede social contribuiu de alguma forma para brigas e término de relacionamentos.

Segundo a psicóloga, a rede social facilita a comunicação entre pessoas no âmbito virtual devido à sua característica principal de troca de mensagens e a facilidade e rapidez com que podem ser transmitidas. “Os relacionamentos online surgem como alternativa aos indivíduos com pouco tempo para estabelecer uma nova rede”, diz.

Já o trabalho da psicóloga Márcia obteve como resultados que 31,6% dos entrevistados apresentaram níveis moderados ou graves de ansiedade, e, 18,1% de dependência da rede. Segundo a egressa, os maiores escores de ansiedade e dependência foram encontrados em mulheres entre 24 e 29 anos de idade. 

Márcia explica que, ao analisar a associação entre dependência do uso do Facebook e ansiedade, constatou-se uma prevalência duas vezes maior de ansiedade entre os indivíduos dependentes quando comparados àqueles que não eram dependentes do Facebook. De acordo com a egressa, diferentes pesquisas demonstram que algumas pessoas podem se tornar dependentes do universo online. “Sujeitos socialmente ansiosos podem estar em maior risco de desenvolver esta dependência do que os que não possuem ansiedade”, diz.

O estudo de Márcia utilizou-se da Escala Bergen de Dependência do Facebook, com adaptações. Para medir aspectos ligados à ansiedade, foi escolhido o método Beck Anxiety Inventory (BAI), que faz parte das Escalas Beck e tem com objetivo medir aspectos da ansiedade através de um questionário de autorrelato contendo 21 questões de múltipla escolha. “Foram classificados como ansiosos aqueles indivíduos que pontuaram 20 ou mais pontos, caracterizando-os com ansiedade moderada ou grave”, explica. 

Já para o estudo da Clarice, foi utilizado questionário com questões elaboradas pela própria autora relacionadas ao uso e aos motivos do uso da rede social Facebook, visando investigar os relacionamentos amorosos. Ambos os estudos tiveram a participação de 282 universitários, sendo que 95% dos entrevistados relataram utilizar a rede social. Dos participantes da pesquisa, 74% eram homens com idades entre 17 e 30 anos ou mais. 

Relacionamentos virtuais
Segundo dados coletados pela egressa Clarice, o principal motivo do uso do Facebook é manter o contato com amigos, conforme 62,2% das respostas. 73,9% utiliza principalmente a ferramenta para realizar conversas privadas e 82,7% não adiciona pessoas desconhecidas. 

Outro dado interessante apontado pela pesquisa da psicóloga é que dos 15,9% dos entrevistados que começaram um relacionamento via rede social, 48,6% afirmaram que o principal motivo atribuído foi às ideias compatíveis ao invés da aparência física. “Também é importante ressaltar que cerca de 40% dos entrevistados disseram utilizar o Facebook para amenizar a solidão”, apontou. 

Já dos 53% que visualizam o perfil do namorado, "ficante" ou amigo, quase 90% o faz com frequência semanal. Conforme aponta a revisão bibliográfica do estudo, a facilidade e a rapidez de localizar pessoas no Facebook geram nos indivíduos medo de que o cônjuge pode estar sendo infiel. A dedicação excessiva à rede social também pode prejudicar a comunicação no relacionamento. 

Para Clarice, em diversos casos, o ciúme é potencializado devido ao auxílio de recursos disponíveis nos dispositivos tecnológicos, como mensagens enviadas e recebidas, e publicações no Facebook. “Através destes recursos, um indivíduo com tendências ao ciúme pode encontrar formas de controlar o outro, reforçando sentimentos de insegurança e alimentando a possibilidade de supostas traições”, pondera.
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