Há 13 anos, quatro alunos iniciavam timidamente um projeto envolvendo a fotografia como narrativa visual. Visavam contar histórias e narrar cotidianos através de imagens. Esses quatro estudantes já deixaram o Projeto Fotoetnográfico Ilha dos Marinheiros, realizado na Universidade Católica de Pelotas (UCPel), para seguir suas carreiras na Comunicação Social. Mas, a semente fora plantada e o número inferior a uma dezena chegou à casa dos três dígitos. Hoje, o coordenador do projeto, professor Carlos Recuero, estima que cerca de 500 alunos já tenham direcionado seus olhares fotográficos à comunidade que habita a Ilha dos Marinheiros, no município de Rio Grande. Número que continua crescendo à medida que esse trabalho mantém sua continuidade.
A primeira visita no semestre à Ilha ocorre no próximo domingo (25), quando haverá Festa de Nossa Senhora da Saúde, um dos tradicionais eventos religiosos realizados na localidade. Na ocasião, muitos dos alunos farão seu primeiro contato com a realidade dos ilhéus. Segundo o professor Recuero, essa oportunidade é relevante para o desenvolvimento dos estudantes. “A experiência ajuda o aluno na prática da fotografia e também na prática jornalística, através das conversas e das entrevistas que precisa realizar. Ajuda a desinibir”, afirma.
Neste semestre, aproximadamente 50 alunos integraram a equipe. Mas essa é a primeira vez que o Projeto abre suas portas para alunos de outras áreas, como Psicologia e Serviço Social, aumentado sua abrangência perante a comunidade. Até o momento, dentre os inúmeros projetos de pesquisa de bolsistas e monografias de alunos com base no trabalho realizado na Ilha, grande parte era voltada ao estudo da comunicação. De fato, o projeto já foi tema de dissertação de Mestrado, além de estar sendo trabalhada pelo professor Recuero em seu Doutorado.
Diversidade
A gama de atividades realizada através do Projeto é grande. Todo ano, várias exposições são realizadas para a comunidade, apresentando os registros coletados. O estudo realizado sobre o uso da fotografia como método de pesquisa também tem levado o nome da Universidade para diversos congressos. Além disso, neste ano, uma parceria com a Digital Foto Arte vai proporcionar um viés diferente para essa investigação: crianças até a oitava série receberão máquinas fotográficas para registrar o cotidiano de suas famílias. O objetivo é analisar como elas vêem a própria realidade. O Projeto inclui também um documentário fotográfico sobre os 44 anos da Banda da Ilha e um registro específico dos “Carpinteiros do Mar”, pescadores que constroem suas próprias embarcações.
