A Universidade Católica de Pelotas (UCPel), reafirmando a vocação comunitária, passa a contar com mais um projeto de extensão a partir deste semestre, intitulado: Sistemas de Desinfecção por Ultravioleta. A proposta, nascida de uma parceria entre a Católica e a empresa Freedom Veículos Elétricos, será dedicada ao desenvolvimento de soluções inteligentes para desinfecção de ambientes como, salas, ambulatórios e hospitais, e também de objetos, entre eles, celulares, superfícies plásticas, usando luz ultravioleta (UV-C).
O foco inicial será o desenvolvimento de dois equipamentos: uma torre de luz, de alta potência, com lâmpadas germicidas, e uma câmara de desinfecção de objetos. O coordenador da ação extensionista, professor da Biomedicina, Engenharias e do Mestrado em Engenharia Eletrônica e Computação, Everton Granemann Souza, explica que tanto a câmara, quanto a torre já possuem protótipos testados, mas com a concretização da iniciativa no ambiente universitário os dois equipamentos ganharão versões tecnologicamente mais avançadas.
A nova câmara passará a contar com leds UV-C, de 18 watts, e sensores de monitoramento de temperatura e umidade, para a desinfecção de objetos em ambiente fechado. Já a torre de luz terá duas lâmpadas germicidas extras, totalizando 1300 watts, voltadas para a desinfecção de paredes e superfícies de ambientes amplos. “No caso da torre, será avaliada a eficácia da desinfecção do UV-C em ambientes maiores, similares aos de clínicas, ambulatórios e hospitais. A proposta é alcançar uma taxa de pelo menos de 90% para bactérias e vírus mais resistentes que o coronavírus”, relata o professor.
A torre funciona de forma automatizada para evitar a exposição à luz ultravioleta (UV-C), considerada nociva ao ser humano. A expectativa é de que até o final do ano os equipamentos possam ser testados em ambientes hospitalares para que o projeto avance para uma maturidade industrial (TRL - Technology readiness levels) nível 7.
Para alcançar esse resultado a ação extensionista manterá a parceria com a Freedom, iniciada em 2020 a partir de um projeto financiado pelo edital da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A proposta agora, após o teste com quatro lâmpadas, afirma o gerente de tecnologia da empresa, Rodrigo Real, é tornar a torre de luz ultravioleta ainda mais potente. O projeto final está previsto com o uso de 12 lâmpadas ultravioletas, o que garantirá maior capacidade de desinfecção dos ambientes.
Para a empresa, a união com a universidade é a certeza de que os equipamentos terão o desempenho esperado.“É na universidade que estão os especialistas, as pessoas capacitadas para avaliar e desenvolver esse tipo de tecnologia. É um casamento muito legal da empresa com a Católica, uma união de especialidades complementares”, destaca Real ao salientar a iniciativa como uma oportunidade única para os estudantes se prepararem para o mercado de trabalho.
O projeto Sistemas de Desinfecção por Ultravioleta será executado de forma interdisciplinar com a participação de alunos dos cursos de Engenharia Elétrica, Medicina e Biomedicina. Segundo o coordenador do projeto, esta será a chance do aluno participar de uma experiência voltada para a inovação ainda na graduação, em parceria com empresas da região, tendo um aprendizado voltado às necessidades reais do mercado de trabalho. “É a união de áreas diferentes com um objetivo comum: alunos da Biomedicina podem trabalhar no cultivo, irradiação e estimativa da taxa de desinfecção para cada tipo de bactéria. Já os alunos da Engenharia, podem instalar sensores e equipamentos capazes de monitorar a ação da torre e da câmara, entre outras atividades”, exemplifica.
Outro ponto a ser destacado é o engajamento de professores e funcionários no projeto, como técnicos de laboratório, tanto da área da saúde quanto da engenharia, para a preparação dos meios de cultura, calibração de equipamentos e treinamento de alunos. A professora de microbiologia da UCPel, Cristina Damé Fabião, juntamente com colaboradores e funcionários de Central de Laboratórios auxiliarão na organização dos arranjos experimentais e análise de resultados.
“A radiação ultravioleta do tipo C (UV-C) é a faixa mais energética dentro do espectro de radiação ultravioleta (UV). Devido a essa energia acumulada, a radiação UV-C é capaz de inativar microrganismos, destruindo seu material genético. Por esta razão, também é denominada radiação UV germicida", conclui o professor da UCPel.
Redação: Alessandra Senna