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Proibição de acesso a condomínios vira obstáculo para pesquisa de saúde realizada pela UCPel
Proibição de acesso a condomínios vira obstáculo para pesquisa de saúde realizada pela UCPel
Estudo em andamento na Universidade Católica de Pelotas (UCPel), que investiga os transtornos neuropsiquiátricos maternos no ciclo de gravidez e pós-parto, tem encontrado um entrave inesperado: o emuralhamento motivado pela sensação de insegurança da população. Diariamente pela manhã, incluindo sábados, domingos e feriados, equipes da UCPel percorrem a cidade em busca de mulheres que possam e tenham interesse em participar da análise. No entanto, a restrição de acesso dos levantadores de dados a núcleos habitacionais tem dificultado a identificação de gestantes aptas a participar do trabalho.

O grupo responsável por fazer o mapeamento de grávidas é formado por alunos dos cursos da área da Saúde da UCPel. Eles percorrerão a área urbana de Pelotas nos próximos meses em busca de gestantes com idades entre 15 e 49 anos, que estejam no primeiro ou segundo trimestre de gravidez.

Segundo o coordenador da pesquisa, Ricardo Pinheiro, a meta é atingir de 1 mil a 1,2 mil gestantes, no período de um ano. "Estamos dentro do cronograma quanto ao tempo de trabalho da equipe. O que tem atrapalhado é a dificuldade de ingresso principalmente nos núcleos habitacionais novos, onde os síndicos não querem permitir o acesso, coisa que não acontecia antes", afirma, ao destacar que esse fenômeno ficou mais frequente nos últimos quatro ou cinco anos.

Quando ocorrem esses casos, explica a mestranda Gabriela Cunha, responsável pelo apoio técnico dado aos estudantes à frente do levantamento, uma carta de apresentação da pesquisa é mostrada. Outra ação para reverter a negativa de acesso é contatar síndicos ou administradoras de condomínios para que o ingresso nos locais seja permitido. Se ainda assim a negativa permanecer, os estudantes da UCPel tentam sensibilizar algum morador do local para distribuição do questionário da pesquisa. "Sempre registramos o número mulheres que mora em cada imóvel, a idade delas e se são gestantes. Mapeamos todas as casas ou apartamentos, tendo grávidas ou não", pontua a estudante de Medicina da UCPel, Eduarda Silva.  

"Como chegamos muito cedo, já abordamos com cuidado, pedindo desculpas e explicando o que estamos fazendo. Não somos mal recebidos, mas às vezes não nos deixam entrar", reforça o também estudante de Medicina, Thauan dos Santos.

O processo de "bateção", como os pesquisadores chamam o levantamento, é realizado pelo menos três vezes. No caso de não ser atendida na primeira visita, a equipe volta ao imóvel no fim da manhã de trabalho. Caso não tenha êxito, retorna mais uma vez. Se ainda assim não forem atendidos, os estudantes procuram deixar os papéis da pesquisa para que os moradores entrem em contato e respondam aos questionamentos. 

Conforme Ricardo Pinheiro, a maior preocupação é não conseguir manter o ritmo do mapeamento, uma vez que a rejeição pelas grávidas, quando atingidas, é baixíssima. "Numa pesquisa dessas, consideramos 10% de recusa como um bom índice. Hoje estamos com 4%, que é muito baixo". Por isso, Pinheiro alerta: "Somos um grupo que quer realmente proporcionar uma avaliação da gestação, que vai ajudar as mulheres a cuidar da gravidez e dessa criança que vai nascer".

O estudo

O estudo Transtornos neuropsiquiátricos maternos no ciclo gravídico-puerperal: detecção e intervenção precoce e suas consequências na tríade familiar, é financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates e pelo Ministério da Saúde, via Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Neste momento, a pesquisa já mapeou 97 grávidas. Destas, cinco estão recebendo tratamento de depressão e outras 12 para risco de depressão. A terapia é aplicada na Clínica Psicológica da UCPel, após a triagem realizada na sequência da aplicação do questionário, quando é realizada coleta de sangue, de peso e altura das futuras mães. Uma vez identificado o transtorno ou o risco, ocorre a visita de uma psicóloga explicando o diagnóstico e convidando a gestante a fazer o acompanhamento, em horário pré-agendado. 

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