Neste último sábado (19), aconteceu a Virada da Habitação, atividade promovida pelo curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Em sua segunda edição, o evento contou com dinâmicas de interação entre participantes para propor soluções acerca das questões que rodeiam o déficit habitacional na região e no país.
Para a docente coordenadora do programa de extensão da UCPel, Joseane Almeida, o problema é amplo e afeta milhares de pessoas no país que não têm casa própria ou, da mesma forma, possuem algum tipo de problema na infraestrutura de sua moradia. “O problema do habitat social se tornou mais notório durante o período da pandemia”, explica a docente.
De acordo com ela, os anos de Covid-19 expuseram que muitas das pessoas não tinham condições de ficar em suas casas devido a falta de saneamento, energia, telecomunicações e etc. “O acesso às escolas, saúde e necessidades básicas se tornava um fator de maior risco”, lembra.
Para a discussão dos temas, foram convidados diferentes órgãos como prefeituras, ONGs, movimentos sociais e instituições de ensino com a intenção de reunir ideias para a análise e sugestões de possíveis intervenções voltadas à criação de políticas públicas. “É preciso estar ciente da profunda diferença social existente no país e no quanto pessoas se encontram em situações precárias. Ter moradia é ter dignidade”, avalia.
O integrante da roda de conversa sobre movimentos sociais, o assessor jurídico do Kilombo Urbano da Ocupação Canto de Conexão, Glauco Silva, apresentou o espaço cultural criado para a sua comunidade, com acesso à biblioteca pública e oferta de marmitas para moradores de rua, entre outras atividades. “O acesso à cidade é de extrema importância para o habitat social, principalmente como a garantia dos direitos mínimos”, diz.
Além da roda dos movimentos sociais, foram discutidos em grupo o papel das instituições de ensino, a luta pela moradia digna, o papel do poder público, política habitacional e a atuação dos profissionais liberais.
O evento da Virada da Habitação é realizado através do Programa de Extensão Sustentabilidade no Habitat Social. Criado em 2009 como projeto de extensão, tornou-se programa em 2016 devido à grande demanda de regularização fundiária. Tem atuação nos municípios de Pelotas, Rio Grande e Capão do Leão.
A bolsista do programa e aluna do curso de Engenharia Civil, Isadora Terra, participa da Virada da Habitação desde a edição passada e entende o evento como importante por dar visibilidade à necessidade de ação local para um problema global. “Só entre a universidade o problema habitacional não poderá ser solucionado. Por isso, é necessária a criação de políticas públicas e o apoio das pessoas trabalhando em rede para tentar resolver o problema”, finaliza.
Redação: Lucia Ippolito