Artigo produzido no Mestrado em Engenharia Eletrônica e Computação da Universidade Católica de Pelotas (MEEC/UCPel) rendeu publicação em revista internacional com classificação A2 (periódicos de excelência internacional) no Qualis Capes. O estudo versa sobre a descoberta de material alternativo para fabricação de eletrodos que dispensam o uso do gel condutor.
A pesquisa, produzida pelo engenheiro eletricista e mestrando do MEEC, Rafael Cruz, surgiu a partir da identificação de casos de irritabilidade ocasionados pelo gel, que é utilizado, por exemplo, em exames de encefalograma (ECG) e eletrocardiograma (EEG). Conforme explica o coautor do trabalho, professor Everton Granemann Souza, nos eletrodos convencionais esse produto é indispensável, uma vez que auxilia na captação dos sinais elétricos do corpo.
Diante desse problema, a professora Chiara do Nascimento, orientadora do estudo, propôs ao mestrando o desafio de descobrir materiais alternativos para confecção de eletrodos a seco. Mas, conforme enfatiza ela, mesmo diante das reações desenvolvidas por pacientes após os exames com eletrodos convencionais, ainda não é possível afirmar que o gel normalmente utilizado seja tóxico. “Estão investigando se o problema estaria no gel condutor ou no próprio material do eletrodo comercial, que geralmente é de ouro com titânio e cromo”, complementa.
Segundo explicam os professores, a literatura indica o ouro como material convencional, mas, diante do custo, cerca de 80% das clínicas e hospitais trabalham com eletrodos mais baratos, feitos de prata e cloreto de prata. Porém, a capacidade oxidativa deles é muito alta, o que compromete a durabilidade do equipamento. Além disso, é necessário intensificar o uso do gel, uma vez que a condutividade deles é baixa. “Ao aumentar a quantidade de gel, consequentemente, aumenta a água e isso reduz o tempo de duração do equipamento”, explica Chiara.
A partir disso, o acadêmico da UCPel passou a pesquisar e testar materiais alternativos que atendessem alguns aspectos indispensáveis: custo, durabilidade e conforto para os pacientes. A liga proposta por ele indica a mistura de titânio e alumínio. Além de apresentar menor oxidação, o que prolonga a durabilidade, essa liga tem boa qualidade térmica, dispensando o uso do gel condutor, e utiliza materiais de baixo custo, conforme explica o mestrando.
O resultado foi tão promissor que o artigo, disponível aqui, foi publicado na revista internacional Journal of Vacuum Science Technology B- JVB. A publicação tem classificação A2 no Qualis Capes, sendo considerada de excelência e referência nas áreas de nanotecnologia e microeletrônica.
O estudo, que também contou com a colaboração do professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS), César Aguzzoli, fará parte da dissertação de Cruz, intitulada Caracterização e síntese de materiais para aplicação em dispositivos biomédicos. Além do artigo já publicado, o trabalho final do acadêmico contará com uma pesquisa sobre materiais para recobrir bisturis elétricos, já em fase de testes, e desenvolvida em parceria com a professora de Medicina da UCPel, Ana Cristina Moraes.
Redação: Manuelle Motta