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Pesquisa da Fisioterapia traça perfil do idoso asilado
04.08.2008 | 00:00
Pesquisa da Fisioterapia traça perfil do idoso asilado
A idéia era conhecer a prevalência de quedas e fraturas, mas acabou se tornando um perfil do idoso morador de asilos em Pelotas. O estudo de conclusão de curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), idealizado pelas alunas Maitê Peres de Carvalho e Eliara Bahr Lüdtke, trouxe dados variados sobre os idosos que vivem institucionalizados no município. O resultado da pesquisa revelou que a prevalência de quedas entre este público no último ano foi de 33,5%. Cerca de 33% sofreu fraturas no quadril ou tornozelo, e o cômodo onde mais caíram foi o quarto (37%).

 De dezembro de 2007 a fevereiro deste ano, todas as casas de idosos registradas pela Vigilância Sanitária – ao todo, 19 – foram visitadas pelas acadêmicas. 194 idosos, com 65 anos ou mais, e condições mentais de responder à pesquisa foram entrevistados. “Estar em um asilo não é garantia de que o idoso nunca irá cair. Ele não tem mais a mobilidade jovem. A fisioterapia é importante não só para reparar os danos decorrentes dessas quedas, mas também para prevenir. Os idosos arrastam mais os pés para se locomover, e isso é determinante para cair”, salientou Maitê.

 Para a colega Eliara, a fisioterapia preventiva poderia colaborar para a diminuição de quedas. “O idoso tem mais dificuldade para realizar os movimentos. Não há motivo para esperar que ele caia, e depois fazer a fisioterapia”, afirmou. Além de tratar, a orientação sobre como se locomover também é importante nessa faixa etária.

 Na pesquisa, que avaliou dados do último ano, as estudantes constataram que 41,8% dos idosos utiliza cadeira de rodas para se locomover. 29,7% faz uso de bengala, seguido por auxílio de outra pessoa (20,9%), andador (4,4%) e muleta (3,2%).

 O quarto é o cômodo com maior ocorrência de quedas, com 37%, seguido da sala com 15,2%. Em seguida aparecem o corredor e o banheiro com a mesma prevalência, de 10,9%. As escadas têm índice de 6,5%, cozinha 4,3% e entrada da casa 2,2%. Do total de idosos que relataram pelo menos um episódio de queda no último ano, 70,8% ocorreram no interior da instituição, e 16,9% fraturaram-se em decorrência da queda.

 A maior parte das fraturas ocorreu no quadril ou tornozelo (33,3%). 16,7% foram na face, seguido de fraturas no fêmur (8,4%) e nas costelas (8,3%). “O idoso que fratura o quadril gera muita dependência. Sua recuperação é mais lenta”, disse Eliara. Segundo as estudantes, uma simples queda poder desencadear diversos outros problemas, que são mais complicados de serem sanados devido à idade avançada. Úlceras de pressão formadas por muito tempo à cama em função de fraturas, somadas à falta de circulação, diabetes, obesidade e outros problemas de saúde tendem a piorar o quadro. “E muitas vezes isso tudo ocorre por uma simples queda, que poderia ser evitada”, disse Eliara.

Atenção ao idoso de casa
 O estudo foi feito com idosos institucionalizados, mas o tema quedas e fraturas pode ser estendido a todos os integrantes desta faixa etária. Quem tem idoso em casa deve ficar atento às barreiras arquitetônicas que podem contribuir para uma possível queda. “Nosso objetivo não foi avaliar as barreiras que esses idosos têm ao se locomover, mas é necessário que a família observe não só os obstáculos do dia-a-dia, mas os que existem dentro de casa”, disse Maitê.

 De acordo com as pesquisadoras, é preciso que os familiares tenham uma visão mais alerta do comportamento do idoso, e se algo costuma dificultar sua locomoção. Um tapete ou a falta de um corrimão podem ser verdadeiras armadilhas caseiras. Para Maitê, até mesmo as queixas de dores que parecem comuns devem ser escutadas com atenção. “Como eles costumam ter dores, pode-se pensar que reclamação é um motivo de chamar atenção, mas às vezes é algo bem maior que pode ser remediado”, disse.

Casas de idosos são variadas
 Segundo as estudantes, dentre as casas de idosos pesquisadas encontrou-se as mais variadas circunstâncias. “Há algumas instituições que merecem um olhar crítico, e há outras em ótima situação”, disse Eliara.

 Para elas, o advento de novas descobertas científicas prolongam a vida, mas é importante envelhecer bem. “A expectativa de vida hoje é maior, mas tem que ser com qualidade”, ressaltou Maitê.

Quedas são menos prevalentes do que em Rio Grande
 A prevalência de quedas foi de 33,5% entre os idosos institucionalizados no município de Pelotas, valor inferior comparado a um trabalho semelhante realizado em Rio Grande em 2007, e pouco mais elevado em relação a outros estudos efetuados no Uruguai e na Argentina.

 A idade média dos entrevistados em Pelotas foi de 80 anos. O idoso mais jovem tinha 65 anos, e o mais velho 103 anos. A pesquisa foi realizada sob orientação do professor Fernando Vinholes Siqueira.

O idoso asilado em Pelotas
68,5% são mulheres
45% são viúvos
20,6% não estudou
57% nunca fumou
37,4% vê sua saúde como regular ou ruim
34,5% é hipertenso
17% é diabético
26,3% disse sofrer de dor nas costas
35,1% disse ter depressão
59,3% tem dificuldade para enxergar
90% faz uso de medicamentos
58,7% faz uso contínuo de cinco ou mais medicamentos
55,7% usa óculos
47% necessita de algum tipo de auxílio para se deslocar
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