A doença é difícil de detectar, mas o sintoma é sentido pelo corpo como um todo. A fibromialgia, doença de origem reumática, é caracterizada por dores generalizadas. Para buscar o alívio da dor de pacientes que sofrem com a enfermidade, uma estudante do curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) reuniu um grupo de portadoras da patologia e as colocou em tratamento na piscina terapêutica do Centro de Ciências da Vida e da Saúde da UCPel. Bruna de Magalhães Rombaldi, acadêmica do nono semestre, analisou os efeitos que a hidroterapia convencional e o hidropilates tiveram para aplacar a dor. A pesquisa deu origem a seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e a um grupo de tratamento.

O estudo verificou os efeitos na percepção da dor, no grau de força muscular, postura corporal, autopercepção de saúde e impacto da fibromialgia, que chega a apresentar até 18 pontos dolorosos pré-determinados. A doença está associada a distúrbios de sono, fadiga, rigidez ao acordar, ansiedade e depressão. Pacientes com fibromialgia costumam apresentar, além da dor, baixa capacidade cardiorrespiratória, força muscular diminuída e alterações posturais.

Por se tratar de uma doença crônica e o tratamento objetivar o controle da dor, atividades físicas, principalmente as realizadas em ambientes aquáticos, são consideradas alternativas ao medicamento.

A pesquisa de Bruna foi realizada com 21 mulheres entre 34 e 65 anos portadoras de fibromialgia, que foram submetidas a sessões de atividade física na piscina terapêutica, divididas em dois grupos. Um desenvolveu atividades padronizadas de hidroterapia, e o outro considerou exercícios baseados no método Pilates, o hidropilates.

Resultados
De acordo com a pesquisadora, em geral, o protocolo baseado no hidropilates mostrou-se tão satisfatório quanto o baseado na hidroterapia, na redução da intensidade da dor e do impacto da doença. Adicionalmente, as pacientes submetidas aos exercícios de hidropilates apresentaram aumento de força em musculatura abdominal e melhora da postura, enquanto que a percepção da saúde apresentou-se melhor somente nas mulheres submetidas aos exercícios de hidroterapia. “Estes resultados são promissores na medida em que propõem uma alternativa não medicamentosa e barata para reduzir o impacto da fibromialgia, doença crônica, considerada problema de saúde pública”, observa Bruna.

Cenário
O Consenso Brasileiro do Tratamento da Fibromialgia aponta, com dados de 2010, que 2,5% da população brasileira sofre com a doença. Uma dessas pessoas é a aposentada Leci Pereira de Souza, 60 anos. Para ela, que lembra da dificuldade em detectar a causa de suas dores e para quem a patologia pode levar até a uma vida mais reclusa, a atividade aquática trouxe uma série de benefícios, entre eles a melhora da auto estima. Desde que começou a praticar exercícios na piscina da UCPel, conta, sua medicação já diminuiu. “Junto ao tratamento, a atividade me deu mais resistência. Ajudou a ver que a gente pode mudar um quadro de dificuldade e superar. Ter mais resistência à nossa dor faz diferença no dia a dia da nossa vida”, relata.