Dentro da celebração do centenário da Diocese de Pelotas, ocorreu na noite de segunda-feira (31), palestra com o padre e professor Pedrinho Guareschi, que abordou o tema “Comunicação e Religião”. O evento foi realizado no Auditório do Campus II da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), que permaneceu lotado durante a palestra. Atentos, os participantes foram conduzidos a uma reflexão sobre mídia e democracia.
Guareschi iniciou comentando sobre os 100 anos da Diocese. A partir da definição de que pessoa é relação, explicou como é possível três pessoas formarem um só Deus. “A comunicação bebe da concepção de um Deus que é pura comunicação”, disse. O sociólogo desafiou os comunicadores a questionar as práticas de comunicação e educativas que se tem hoje. “Mídia tem que ser educacional. Toda a ação educa”, declarou ele.
As formas de ensino também estiveram em pauta. O palestrante comentou as teorias de ensino mais utilizadas. Existe aquela onde um sabe e ensina e outro não sabe e aprende, por meio de estímulos, falas, gestos. Ele destacou que a liberdade também é um condicionamento, podendo tornar as pessoas santas ou pecadoras de acordo com o estímulo. Outra forma de ensinar, segundo ele, é saber que todos que entram em contato com o mundo aprendem. Para o professor, o que importa não é o conteúdo que é repassado, mas sim a maneira com que isso ocorre.
Buscando o sentido de democracia, o professor afirmou que certamente se acha uma solução no momento em que todos têm oportunidade de falar. Após a explicação, indagou os comunicadores sobre quando uma mídia é democrática. Citou o exemplo da mídia do Rio Grande do Sul, da qual os gaúchos se orgulham, dizendo serem politizados, e, na verdade, 80% de tudo que se vê, escuta e lê, pertence a um grupo. “A pauta para as discussões é a mídia quem dá”, disse. Citando Paulo Freire, o professor concorda com uma nova maneira de fazer comunicação, onde todos são ouvidos e a notícia é problematizada, e não dada simplesmente como resposta, em 30 segundos. ”Quase ninguém sabe o que deveria ser a mídia”, completou.