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Paciente de diálise do HUSFP dá à luz um bebê saudável
16.10.2014 | 11:25 | #medicina
Paciente de diálise do HUSFP dá à luz um bebê saudável
A vontade de ser mãe novamente ajudou a dona de casa Aline Borges, de 28 anos, a romper barreiras. Sua luta contra a doença renal crônica ganhou mais uma motivação ao saber de sua gestação, caso raro de acontecer em mulheres tratadas por hemodiálise. Mais raras ainda foram as condições saudáveis em que seu bebê nasceu, sendo apenas prematuro. 

Na década de 90, estudos realizados nos Estados Unidos e em países da Europa apontavam que menos de 1% das mulheres em idade fértil tratadas por hemodiálise conseguiam engravidar e somente 23% conseguiam dar à luz um bebê vivo. A partir dos anos 2000, esse índice subiu para 50% graças aos avanços no tratamento da doença renal crônica e das técnicas de hemodiálise.

Conforme a nefrologista do Centro de Referência em Nefrologia do Hospital Universitário São Francisco de Paula da Universidade Católica de Pelotas (HUSFP/UCPel), Maristela Böhlke, a baixa taxa de concepção em pacientes renais crônicas se dá devido alterações hormonais causadas pela doença renal crônica, que muitas vezes provocam a interrupção da menstruação e da ovulação. 

Manter a gestação nessas condições também é uma grande vitória, visto que o desenvolvimento intra-uterino do bebê é prejudicado devido à uréia e outros elementos que o rim normalmente elimina, mas que acumulam no sangue de quem sofre de doença renal e prejudicam o desenvolvimento do feto. “Essas anormalidades hormonais e metabólicas são revertidas pela hemodiálise somente de forma parcial, o que explica as dificuldades enfrentadas tanto na concepção quanto na manutenção de uma gestação saudável”, explica a médica.

As dificuldades vencidas por Aline e pela pequena Gabriela não foram poucas. As tradicionais três sessões de hemodiálise se transformaram em quatro e vieram acompanhadas da realização de pré-natal a cada 15 dias. O cansaço físico, associado a problemas de pressão alta também estiveram presentes. “Fiquei 15 dias internada no HUSFP devido à ameaça de aborto”, lembra. A interrupção de medicamentos que prejudicam o bebê, o aumento de outros para a anemia e vitaminas associadas a mudanças na dieta também foram implementadas. “O cuidado da gestante em diálise é um desafio, que depende da colaboração de nefrologista, obstetra, nutricionista, enfermeiras da diálise, da própria paciente e de sua família”, complementa Maristela.

Nova etapa 
Aline já está de volta às sessões de hemodiálise e realiza exames para retornar à lista de espera para o transplante de rim, visto que, em função da gravidez, seu nome temporariamente saiu do processo. Até obter um novo rim, o HUSFP continua sendo sua segunda casa. “O período da gravidez foi bem difícil, mas valeu a pena ter passado por tudo” avalia. Desde a descoberta da doença e durante toda a sua gravidez, o apoio de sua família foi fundamental em todo o processo. Agora, a nova meta de Aline volta ser a realização do transplante renal para poder curtir seus dois filhos sem dificuldades enfrentadas diariamente devido à doença. 
 
Auxílio 
Um dos responsáveis pelo sucesso da gravidez de Aline foi o HUSFP, que arcou com os custos adicionais do tratamento, que ainda não são repassados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS não custeia a hemodiálise todos os dias para gestantes, o que, para a nefrologista, é inconcebível, em função de todas as evidências científicas existentes que comprovam que a diálise diária salva várias gestações. “É preciso que a população reivindique junto ao poder público a inclusão no Sistema Único de Saúde da hemodiálise diária para as gestantes nessa situação”, diz. Segundo a médica, muitos bebês são perdidos por falta de custeio de sessões extras de hemodiálise.
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