A sutura de uma cirurgia ou de um ferimento faz parte do aprendizado de todo estudante de Medicina e Odontologia. Mas como ele se prepara para fazer esse procedimento? A resposta: com muita prática em um equipamento que agora é objeto de trabalho de mais uma ação extensionista da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) - o simulador de sutura. O projeto “Confecção de simuladores para sutura com materiais poliméricos biocompatíveis de baixo custo” quer garantir aos futuros médicos e dentistas a prática a partir de equipamentos construídos pelos alunos da Biomedicina, aliando inovação e tecnologia no ambiente acadêmico.
Segundo a coordenadora do projeto e do curso de Biomedicina, professora Chiara do Nascimento, a ação extensionista está baseada em estudos bibliográficos de vanguarda e testes feitos em diferentes polímeros biocompatíveis, ou seja, materiais sintéticos que se assemelham a pele humana e podem ser manufaturados para a confecção dos simuladores. A experiência dela com a “pele sintética” também foi levada em conta para a construção dos primeiros simuladores de sutura-Skin. “Não temos conhecimento de produtos com esses materiais feitos em outras instituições de ensino, tivemos como base o que existe no mercado comercial”, destaca a coordenadora ao afirmar o caráter inovador do projeto.
O projeto foi estruturado em etapas, começando pela prototipagem dos moldes produzidos em impressoras 3D onde são feitas as skins. Na base inferior da estrutura é colocada uma espécie de malha de ferro que garante a sustentação do simulador no momento do manuseio. Logo em seguida é a vez do polímero no seu estado líquido, que em 20 horas está pronto para se tornar a pele sintética. O produto é finalizado com uma fina camada de fibra de vidro na parte superior para melhorar a resistência ao rasgamento.
Após a fabricação da skin ocorre o processo de validação realizado por cirurgiões e professores do Hospital São Francisco de Paula (HUSFP), além da análise estatística dos dados obtidos através de questionário on-line da plataforma Google Forms, que é aplicado aos estudantes que estão usando os simuladores, com intuito de saber a opinião deles sobre a performance das skins. “Com esse projeto, espera-se um produto viável para fins de treinamento de habilidades cirúrgicas, sendo necessário que possua certo grau de elasticidade, para suportar a tensão das suturas e um adequado potencial ao rasgamento, para evitar rompimentos na superfície durante o fechamento do ponto cirúrgico”, explica a professora Chiara.
Cinco alunos dos cursos Biomedicina, Odontologia e Medicina integram o novo projeto de extensão da Católica, entre eles a Maria Eduarda Marchesan, aluna do 4° ano da Medicina. Ela fez parte da primeira turma do curso de Medicina a receber o simulador produzido em 2020 e avalia a ação extensionista como essencial para sua formação. "Para mim contribuiu de forma direta para o desenvolvimento das habilidades cirúrgicas e fazer parte do projeto é uma honra”, diz a Maria Eduarda.
Além de alunos da graduação, o projeto irá contar com a parceria de egressos da Católica e de colaboradores de outras instituições de ensino com intuito de contribuírem para o desenvolvimento tecnológico do produto educacional relacionado à ação extensionista.
O projeto teve origem no trabalho realizado em 2020 por bolsistas de Iniciação Científica da coordenadora do projeto, que também é professora do Mestrado em Engenharia Eletrônica e Computação (MEEC), quando foram confeccionados e distribuídos 180 simuladores aos alunos do curso de Medicina.
A demanda surgiu do desejo dos professores da disciplina de Técnicas Cirúrgicas, em reduzir o custo dos equipamentos. A proposta deu tão certo, que a confecção das skins no ambiente universitário garante uma economia de cerca de 80% se comparada a despesa anterior com a compra do simulador comercial, afirma a coordenadora do projeto. A universidade é a responsável pela aquisição da matéria-prima para a confecção dos simuladores.
Com a expansão da iniciativa para o âmbito da extensão já existem planos em ampliar a proposta para auxiliar alunos do curso de Odontologia da UCPel na prática de suturas, e futuramente de outras instituições de ensino da região.
Redação: Alessandra Senna